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KENNETH MAXWELL
A Copa do Mundo
A partir de amanhã, boa parte do mundo estará vendo futebol na África do Sul.
Uma em cada duas pessoas
deve acompanhar a Copa do
Mundo pela televisão, e YouTube e Coca-Cola assinaram
um acordo pelo qual usuários de todo o mundo podem postar vídeos sobre suas reações.
Nike e McDonald's consideram que a Copa do Mundo seja
um negócio mais importante que a Olimpíada de Pequim.
O futebol surgiu no Reino
Unido na década de 1860 e se
espalhou primeiro pelo império britânico e depois pelo
francês, na África e na Ásia.
No Brasil, já havia clubes de
futebol na virada para o século
20. Desde a metade dos anos
90, porém, o futebol se tornou
o verdadeiro esporte internacional e internacionalizado.
Em 1995, a Corte Europeia
de Justiça sustentou o direito à
liberdade de movimento de jogadores em um processo aberto pelo meio-campista belga
Jean-Marc Bosman. Depois
disso, tornou-se difícil manter
cotas para limitar a presença
de jogadores estrangeiros em
times da Europa, e as restrições começaram a ser contornadas também pela concessão
de dupla cidadania.
Em 1996, a Fifa abandonou
as regras que limitavam o número de estrangeiros autorizados a jogar nos times europeus. Isso, por sua vez, propiciou vastos lucros ao esporte
com a venda de direitos de televisão e resultou em elevação
substancial nos salários dos
jogadores.
O Professional Football Player's Observatory (http://eurofootplayers.org) acompanha a mobilidade e os salários dos jogadores expatriados. O Brasil, com 163 jogadores em equipes europeias, é o
maior exportador mundial de jogadores, seguido pela Argentina, com 103.
Algumas pessoas, como o
técnico José Mourinho, acreditam que isso torne a Copa do
Mundo uma competição inferior à disputa entre as principais equipes europeias. Na
preparação para a Copa do
Mundo, porém, a Fifa classifica o Brasil como número um
em seu ranking. O técnico
Dunga está otimista quanto às chances do Brasil.
O único país -excetuados,
ironicamente, Cuba e Venezuela- no qual o beisebol
continua a ser o esporte favorito e que não se interessa de
verdade pela disputa na África do Sul continua a ser os EUA.
Jack Kemp, um político republicano já morto, que no passado havia sido jogador
profissional de beisebol, resumiu sua hostilidade ao futebol descrevendo-o como "um esporte socialista europeu".
No entanto, hoje a população latina dos EUA supera os 40 milhões de pessoas.
Pode-se ter certeza de que, a
partir de amanhã, todos eles
estarão grudados à cobertura
da Copa do Mundo pela rede
de TV hispânica Univision.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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