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Chapa-branca nos ares
MINISTROS escapam aos
piores efeitos da crise
aérea viajando em
aviões da Força Aérea Brasileira
(FAB). Reportagem da Folha
mostrou que a utilização de aeronaves militares por membros
do primeiro escalão do governo
aumentou 20% nos últimos nove meses em comparação com os
nove meses anteriores ao acidente com o Boeing da Gol, em
setembro do ano passado.
Os representantes do governo
federal -o maior responsável
pelo descontrole nos aeroportos- deveriam experimentar na
pele os dissabores que suas decisões provocaram a terceiros. Em
vez disso, as autoridades aumentaram o uso de privilégios aéreos
em plena crise, o que só pode ser
qualificado como escárnio.
Mas os problemas não param
por aí. Aviões da FAB podem pedir prioridade em pousos e decolagens, de modo que as viagens
chapa-branca acabam contribuindo para agravar ainda mais
a espera dos cidadãos sem direito a benesses oficiais.
Acrescentando desinformação
à falta de espírito republicano, o
governo federal se recusa a revelar quanto gasta nos deslocamentos de ministros, bem como
quais autoridades viajaram e sob
qual justificativa. Ainda que todos esses vôos se dêem de acordo com a lei, o princípio da
transparência dos atos do poder
público exige que essas informações sejam colocadas à disposição da população.
É o caso, também, de reavaliar
o decreto de 2002 que autoriza
as viagens dos 37 integrantes do
primeiro escalão com status de
ministro para compromissos
oficiais e para voltar para seus
Estados, caso não residam em
Brasília. Exceto em situações excepcionais, tais deslocamentos
devem ocorrer em vôos de carreira. As passagens do ministro e
de alguns assessores custam
muito menos do que mobilizar
uma aeronave exclusiva.
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