São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2007

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Chapa-branca nos ares

MINISTROS escapam aos piores efeitos da crise aérea viajando em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Reportagem da Folha mostrou que a utilização de aeronaves militares por membros do primeiro escalão do governo aumentou 20% nos últimos nove meses em comparação com os nove meses anteriores ao acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado.
Os representantes do governo federal -o maior responsável pelo descontrole nos aeroportos- deveriam experimentar na pele os dissabores que suas decisões provocaram a terceiros. Em vez disso, as autoridades aumentaram o uso de privilégios aéreos em plena crise, o que só pode ser qualificado como escárnio.
Mas os problemas não param por aí. Aviões da FAB podem pedir prioridade em pousos e decolagens, de modo que as viagens chapa-branca acabam contribuindo para agravar ainda mais a espera dos cidadãos sem direito a benesses oficiais.
Acrescentando desinformação à falta de espírito republicano, o governo federal se recusa a revelar quanto gasta nos deslocamentos de ministros, bem como quais autoridades viajaram e sob qual justificativa. Ainda que todos esses vôos se dêem de acordo com a lei, o princípio da transparência dos atos do poder público exige que essas informações sejam colocadas à disposição da população.
É o caso, também, de reavaliar o decreto de 2002 que autoriza as viagens dos 37 integrantes do primeiro escalão com status de ministro para compromissos oficiais e para voltar para seus Estados, caso não residam em Brasília. Exceto em situações excepcionais, tais deslocamentos devem ocorrer em vôos de carreira. As passagens do ministro e de alguns assessores custam muito menos do que mobilizar uma aeronave exclusiva.


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