|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Mudança sem prazos
EM MEIO a uma grande crise,
o Senado anunciou a intenção de cortar gastos. Para a
faxina, contratou a Fundação
Getúlio Vargas, que sugere as
medidas da reforma. O que parece escapar ao entendimento dos
senadores, porém, é que nada
mudará se não houver prazos estabelecidos e clareza quanto às
modificações, decerto urgentes.
Tudo isso falta na proposta.
O Congresso brasileiro está entre os Parlamentos mais caros do
mundo. O custo por parlamentar
em relação ao PIB per capita coloca o Brasil no topo de uma lista
de 12 países, de acordo com estudo feito pela ONG Transparência
Brasil. Para manter um senador,
o contribuinte brasileiro gasta
mais de três vezes o que despende um chileno e cerca de 8,4 vezes o que gasta um francês. Já o
custo de um deputado no Brasil é
duas vezes maior que nos EUA.
A meta divulgada pelo Senado
é demitir 2.400 servidores, num
universo espantoso de funcionários: 9.600. A FGV sugere cortar
primeiro os terceirizados e abater em 40% o orçamento da gráfica, de R$ 45 milhões neste ano.
Propostas encaminhadas por
senadores e servidores também
são avaliadas. Na esteira da revelação de vários indícios de irregularidades relacionadas ao ex-diretor-geral Agaciel Maia, verdadeira eminência parda na Casa, uma dessas sugestões é reduzir o poder da diretoria-geral.
Cortar os gastos é o mínimo
que o Legislativo brasileiro, em
particular o Senado, tem a fazer
para recuperar credibilidade perante a população. É preciso reprimir o patrimonialismo, cuja
persistência abriu uma fenda entre os representantes e a realidade do país. Para tanto, publicar
metas, prazos e compromissos
dessa reforma será essencial.
Texto Anterior: Editoriais: Tutela eleitoral Próximo Texto: Áquila - Clóvis Rossi: "Mídia golpista" à italiana Índice
|