São Paulo, sexta-feira, 10 de julho de 2009

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Editoriais

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Mudança sem prazos

EM MEIO a uma grande crise, o Senado anunciou a intenção de cortar gastos. Para a faxina, contratou a Fundação Getúlio Vargas, que sugere as medidas da reforma. O que parece escapar ao entendimento dos senadores, porém, é que nada mudará se não houver prazos estabelecidos e clareza quanto às modificações, decerto urgentes. Tudo isso falta na proposta.
O Congresso brasileiro está entre os Parlamentos mais caros do mundo. O custo por parlamentar em relação ao PIB per capita coloca o Brasil no topo de uma lista de 12 países, de acordo com estudo feito pela ONG Transparência Brasil. Para manter um senador, o contribuinte brasileiro gasta mais de três vezes o que despende um chileno e cerca de 8,4 vezes o que gasta um francês. Já o custo de um deputado no Brasil é duas vezes maior que nos EUA.
A meta divulgada pelo Senado é demitir 2.400 servidores, num universo espantoso de funcionários: 9.600. A FGV sugere cortar primeiro os terceirizados e abater em 40% o orçamento da gráfica, de R$ 45 milhões neste ano.
Propostas encaminhadas por senadores e servidores também são avaliadas. Na esteira da revelação de vários indícios de irregularidades relacionadas ao ex-diretor-geral Agaciel Maia, verdadeira eminência parda na Casa, uma dessas sugestões é reduzir o poder da diretoria-geral.
Cortar os gastos é o mínimo que o Legislativo brasileiro, em particular o Senado, tem a fazer para recuperar credibilidade perante a população. É preciso reprimir o patrimonialismo, cuja persistência abriu uma fenda entre os representantes e a realidade do país. Para tanto, publicar metas, prazos e compromissos dessa reforma será essencial.


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