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CLÓVIS ROSSI
"Mídia golpista" à italiana
ÁQUILA - Era uma vez a farsa da
teoria da conspiração da "mídia golpista", inventada no auge do mensalão por intelectuais cortesãos
e pela mídia chapa-branca. O que
havia na verdade era a conspiração
dos fatos, fatos que levaram a
suposta vítima da conspiração a
pedir publicamente desculpas
pelos "erros" (crimes) cometidos
por seus partidários.
Tudo o que eu jamais imaginei
na vida é que esse filme velho e de
má qualidade viesse a ser reproduzido no reino de Silvio Berlusconi,
o premiê italiano, que teria tudo
para ser a absoluta antítese de Lula
e do petismo.
Berlusconi é aquela direita
rançosa que Lula e o PT cansaram-se de desancar, antes de amasiar-
se com ela, uma vez chegados ao
poder.
Agora, o premiê está envolvido
em um escândalo de sexo, orgias e,
suspeita-se, algo mais, que o jornal
"La Repubblica" noticia com firmeza -e algumas publicações estrangeiras também, às vezes até mais,
para ódio de Berlusconi.
Sua reação? Sim, óbvio, acusar
uma conspiração contra ele. Como
no Brasil, não há conspiração, conforme deixa claro Ezio Mauro, diretor responsável por "La Repubblica", que assina texto de capa com
duas frases que caberiam perfeitamente no caso mensalão/escândalos posteriores:
A primeira: "Sufocado pelos escândalos que construiu inteiramente com suas mãos, Silvio Berlusconi atribui aos jornais a causa
de seus males, o "embaraço" e a "queda na reputação", de que fala o "Financial Times'".
A segunda: "Os jornais estrangeiros e a "Repubblica", como é a regra
no mundo livre, não fizeram outra
coisa a não ser dar conta disso [os
fatos] aos cidadãos-eleitores".
Sou obrigado a admitir que dá
uma baita tristeza ter sido antes
e ser agora testemunha ocular
de que cabe um paralelismo entre
Berlusconi, justamente Berlusconi,
e o petismo.
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