|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Sarney sobe a rampa?
BRASÍLIA - José Sarney virou
presidente da República por um
golpe do destino e pode voltar a subir a rampa em 2010 por outro.
Se é que ele vai mesmo conseguir
se sustentar na presidência do Senado. O cerco está se fechando, com
a união de duas pontas da crise: a
Petrobras e a Fundação José Sarney no Maranhão. O dinheiro saiu,
mas ninguém sabe, ninguém viu direito aonde chegou.
Quando o presidente da República se afasta, assume o vice. Quando
o vice fica impedido por qualquer
motivo, é a vez do presidente da Câmara. Quando o presidente da Câmara não pode, ou não quer, o terceiro na linha de sucessão é o presidente do Senado. Que é Sarney.
Lula viaja muito, como nós todos
sabemos. Como viaja! O vice José
Alencar, um bravo homem, tem assumido mesmo em situações muito
adversas -com dores, inclusive-,
mas ele está muito doente, ontem
mesmo submetendo-se em São
Paulo a mais uma das suas incontáveis cirurgias. "Seja o que Deus quiser", disse, comovente.
Por enquanto, o presidente da
Câmara, Michel Temer, está a postos para fazer as vezes de vice. O
problema vai começar quando, e se,
Temer conseguir maioria na convenção do PMDB para formalizar a
aliança com o PT para 2010 e virar
candidato a vice na chapa de Dilma
Rousseff. Nessa condição, a de candidato a vice, ele não vai poder assumir a Presidência.
A não ser que consiga (como já
tenta) um parecer jurídico dizendo
diferente, quem vai para o trono? O
Sarney! A opinião pública, já indignada com a permanência dele na
presidência do Senado (a se confirmar...), vai adorar.
O pior, meu caro e minha cara, é
que Lula anda namorando a ideia
de se licenciar da Presidência nos
últimos três meses, para botar Dilma debaixo do braço e sair por aí fazendo o que ele mais gosta na vida:
subir em palanque.
Ano eleitoral, campanha pegando
fogo, e Sarney na Presidência. Era
só o que faltava. Ou falta.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: Áquila - Clóvis Rossi: "Mídia golpista" à italiana Próximo Texto: Rio de Janeiro - Fernando Gabeira: O velho e a guerra Índice
|