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ESCÂNDALO NA ONU
É cada vez mais complicada a
situação do secretário-geral das
Nações Unidas, Kofi Annan, que, a
exemplo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, vê a sua administração
envolvida num histórico escândalo
de corrupção que poderá até comprometê-lo pessoalmente.
A comissão independente que investiga desvios no Programa Petróleo por Comida, o qual permitia ao
Iraque sob embargo econômico trocar óleo por alimentos e remédios,
acaba de acusar o diretor do programa, Benon Senan, de ter-se beneficiado de propinas pagas por uma
empresa envolvida no esquema de
fraudes. Alexander Yakovlev, outro
alto funcionário da organização,
também foi incriminado.
O Programa Petróleo por Comida,
o maior esforço humanitário da
ONU, teve início em 1996 e durou até
2003, com a eclosão do escândalo.
Os desvios ocorriam porque as autoridades iraquianas, embora não controlassem diretamente os fluxos de
dinheiro, conservavam o poder de
decidir para quem venderiam o óleo
e de quem comprariam os alimentos
e remédios. Assim, Saddam Hussein
pôde construir uma enorme rede de
"colaboradores". Calcula-se que,
dos US$ 64 bilhões que o programa
movimentou, US$ 21 bilhões tenham sido desviados.
Annan pode estar envolvido. Seu filho Tojo fazia parte de um esquema.
O secretário-geral diz que não sabia,
mas alguns e-mails, cuja autenticidade não foi comprovada, sugerem que
ele sabia mais do que admite. As investigações, chefiadas por Paul Volcker, ex-presidente do Fed, o banco
central dos EUA, continuam e o relatório final da comissão, previsto para
setembro, deverá elucidar a questão.
O escândalo dá munição aos críticos da ONU, que a descrevem como
uma organização irrelevante, cara e
corrupta. Um dos principais representantes dessa linha de pensamento, John Bolton, acaba de assumir o
posto de embaixador dos EUA nas
Nações Unidas. Não há dúvida de
que a ONU precisa urgentemente de
reformas, não só para torná-la menos vulnerável à corrupção como
também para deixá-la mais representativa. O que não se deve admitir,
como querem alguns falcões de
Washington, é enfraquecê-la. Embora imperfeita, a ONU é o principal
fórum multilateral do planeta.
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