São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2005 |
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ANTONIO DELFIM NETTO Chega de patinação Parece intuitivo que os mercados
financeiros devem responder antecipadamente às políticas "esperadas" que prometem reduzir o déficit
nominal e a relação entre a dívida (líquida ou bruta) e o PIB. É intuitivo,
também, que essa resposta seja difícil
de ser medida porque deve variar no
tempo e de acordo com a credibilidade que a "novidade" desperta nos
agentes. Ela depende das "expectativas" de dispêndio do governo e dos
respectivos déficits (que comandarão
a dívida) que se realizarão (ou não!)
nos exercícios futuros. Como esses são
inobserváveis por antecipação, se a
manobra prometida não for crível, isto é, não decorrer de um comprometimento "duro", nada acontecerá. Houve algum aumento de endividamento (França, Itália e Japão, devido à redução do crescimento). Mas o Brasil é uma clara exceção, não apenas pela direção (é o único que aumentou a dívida/PIB) mas porque é o 12º país mais endividado numa lista de 13! Isso sem falarmos na "qualidade estrutural" da nossa dívida e do seu prazo médio. Como parece evidente, o "peso" da dívida sobre o PIB é um fenômeno do tipo hidráulico, pois depende do seu prazo médio, o que agrava nosso problema. Sem um ato dramático e definitivo de ajuste (como fizeram outros países), vamos continuar a patinar com crescimento medíocre e taxa de juros reais que continuarão a estimular o "rentismo" internacional que hoje delicia o Banco Central. Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras nesta coluna. @ - dep.delfimnetto@camara.gov.br Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Espumas flutuantes Próximo Texto: Frases Índice |
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