São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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SERGIO COSTA

Anatomofisiologia da eleição

RIO DE JANEIRO - Quem diria que o espírito do sapo barbudo e indignado iria baixar na "estrutura anatomofisiológica" (foi ela quem usou o palavrão sobre si no JN) de uma alagoana boa de briga?
Pode não ser o suficiente para vencer a eleição. Não foi por três vezes consecutivas para o então sapo. Em tese, Heloísa Helena não tem tempo de TV para ganhar, não tem dinheiro, nem máquina. Tem oferecido apenas a força de expressar um sentimento de indignação geral e genérico que anda aí pelo ar.
Talvez nem tenha o discurso suficientemente inteligível para seduzir grandes massas: abusa dos jargões ideológicos. Mas é fato que HH encontrou seu espaço na campanha e acrescentou pimenta ao chuchu servido como opção a Lula.
Geraldo Alckmin era para ser o príncipe da vez: representante da elite, cara de bom moço, ternos bem cortados, criado em ninho tucano-paulista, 12 anos no poder, casado com uma mulher bonita e bem-vestida. Só não consegue empolgar o eleitorado. Falta-lhe sal.
Ele também parece ter dificuldade em ter as coisas que fala compreendidas pelas classes majoritárias que decidem eleições.
Qualquer previsão sobre HH e Alckmin seria precipitada agora. Mesmo com a primeira crescendo e atingindo um patamar em que terá de ser levada mais a sério. Quanto ao tucano, listam-se aos montes motivos pelos quais não decola. Dos ataques do PCC ao fogo amigo do PSDB. Talvez seu mal seja não se chamar Fernando ou... José.
Até outubro, HH pode se consolidar como fenômeno e Alckmin entrar em sintonia com o que se esperava dele. Algum desses escândalos pode grudar em Lula. Poder, pode tudo. Mas, pelo andar da carruagem, o sapo virou príncipe, o príncipe virou sapo e ainda tem uma rã aí com boa estrutura anatomofisiológica pronta para saltar.


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