|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SERGIO COSTA
Anatomofisiologia da eleição
RIO DE JANEIRO - Quem diria
que o espírito do sapo barbudo e indignado iria baixar na "estrutura
anatomofisiológica" (foi ela quem
usou o palavrão sobre si no JN) de
uma alagoana boa de briga?
Pode não ser o suficiente para
vencer a eleição. Não foi por três vezes consecutivas para o então sapo.
Em tese, Heloísa Helena não tem
tempo de TV para ganhar, não tem
dinheiro, nem máquina. Tem oferecido apenas a força de expressar um
sentimento de indignação geral e
genérico que anda aí pelo ar.
Talvez nem tenha o discurso suficientemente inteligível para seduzir grandes massas: abusa dos jargões ideológicos. Mas é fato que HH
encontrou seu espaço na campanha
e acrescentou pimenta ao chuchu
servido como opção a Lula.
Geraldo Alckmin era para ser o
príncipe da vez: representante da
elite, cara de bom moço, ternos bem
cortados, criado em ninho tucano-paulista, 12 anos no poder, casado
com uma mulher bonita e bem-vestida. Só não consegue empolgar o
eleitorado. Falta-lhe sal.
Ele também parece ter dificuldade em ter as coisas que fala compreendidas pelas classes majoritárias que decidem eleições.
Qualquer previsão sobre HH e
Alckmin seria precipitada agora.
Mesmo com a primeira crescendo e
atingindo um patamar em que terá
de ser levada mais a sério. Quanto
ao tucano, listam-se aos montes
motivos pelos quais não decola. Dos
ataques do PCC ao fogo amigo do
PSDB. Talvez seu mal seja não se
chamar Fernando ou... José.
Até outubro, HH pode se consolidar como fenômeno e Alckmin entrar em sintonia com o que se esperava dele. Algum desses escândalos
pode grudar em Lula. Poder, pode
tudo. Mas, pelo andar da carruagem, o sapo virou príncipe, o príncipe virou sapo e ainda tem uma rã aí
com boa estrutura anatomofisiológica pronta para saltar.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Compra de votos Próximo Texto: Demétrio Magnoli: Ele está entre nós Índice
|