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Parto difícil para o PSD
Antes mesmo de ganhar registro, o nascituro PSD (Partido Social Democrático) já acumula indícios desabonadores para uma
agremiação que aspirava ser a
grande novidade na arena política
brasileira neste ano pré-eleitoral.
Idealizado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, o PSD surgiu como protótipo de antipartido, pois se propõe a não ter ideologia alguma. Não será, como já disse Kassab, nem de centro, nem de
esquerda, nem de direita.
O objetivo do prefeito parece ser
criar um feudo próprio no espaço
por onde já transita o que há de
mais oportunista na política nacional. Sem fazer oposição nem a
petistas nem a tucanos, ficaria livre para associar-se com a máquina pública onde quer que seja.
Para cumprir a exigência legal
de 490 mil assinaturas em ao menos nove Estados, assim como formalizar diretórios em, no mínimo,
5% dos municípios dessas unidades da Federação, o PSD tem recorrido às práticas mais arcaicas.
Repetem-se as denúncias de assinaturas falsificadas e de eleitores mortos. Mais recentemente,
vêm a lume atas idênticas para
reuniões de fundação de diretórios em vários Estados, indício forte de mais um tipo de fraude.
É bem verdadeiro que as irregularidades têm vindo à tona muito
em consequência dos interesses
contrariados, em especial do
DEM, antigo partido do prefeito. É
de supor que uma minoria das
atuais 27 siglas partidárias brasileiras tenha cumprido cabalmente
os burocratizados requisitos legais, na época de sua fundação.
Por ser um partido novo, o PSD
pode arregimentar políticos de todas as outras agremiações sem ferir a lei que pune a infidelidade
partidária com a perda de mandatos. Assim, os descontentes com
as agruras da vida na oposição,
com a abstinência de verbas e empregos públicos, podem virar a casaca e aderir ao governo -qualquer governo- na nova sigla, sem
receio da Justiça Eleitoral.
O amontoado de assinaturas e
atas questionadas coloca desafios
jurídicos com consequências eleitorais: já se duvida que o PSD
cumpra todas as exigências legais
a tempo de disputar o pleito municipal do ano que vem.
A menos de um ano e meio de
terminar seu mandato na Prefeitura de São Paulo, a administração
Kassab cai na avaliação dos paulistanos. A perda de popularidade
parece vir, ao menos em parte, da
percepção de que o prefeito dedica tempo demais ao novo partido
e atenção de menos à cidade.
Seria um fim melancólico para
uma administração que teve um
começo promissor.
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