São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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Editoriais

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Parto difícil para o PSD

Antes mesmo de ganhar registro, o nascituro PSD (Partido Social Democrático) já acumula indícios desabonadores para uma agremiação que aspirava ser a grande novidade na arena política brasileira neste ano pré-eleitoral.
Idealizado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, o PSD surgiu como protótipo de antipartido, pois se propõe a não ter ideologia alguma. Não será, como já disse Kassab, nem de centro, nem de esquerda, nem de direita.
O objetivo do prefeito parece ser criar um feudo próprio no espaço por onde já transita o que há de mais oportunista na política nacional. Sem fazer oposição nem a petistas nem a tucanos, ficaria livre para associar-se com a máquina pública onde quer que seja.
Para cumprir a exigência legal de 490 mil assinaturas em ao menos nove Estados, assim como formalizar diretórios em, no mínimo, 5% dos municípios dessas unidades da Federação, o PSD tem recorrido às práticas mais arcaicas.
Repetem-se as denúncias de assinaturas falsificadas e de eleitores mortos. Mais recentemente, vêm a lume atas idênticas para reuniões de fundação de diretórios em vários Estados, indício forte de mais um tipo de fraude.
É bem verdadeiro que as irregularidades têm vindo à tona muito em consequência dos interesses contrariados, em especial do DEM, antigo partido do prefeito. É de supor que uma minoria das atuais 27 siglas partidárias brasileiras tenha cumprido cabalmente os burocratizados requisitos legais, na época de sua fundação.
Por ser um partido novo, o PSD pode arregimentar políticos de todas as outras agremiações sem ferir a lei que pune a infidelidade partidária com a perda de mandatos. Assim, os descontentes com as agruras da vida na oposição, com a abstinência de verbas e empregos públicos, podem virar a casaca e aderir ao governo -qualquer governo- na nova sigla, sem receio da Justiça Eleitoral.
O amontoado de assinaturas e atas questionadas coloca desafios jurídicos com consequências eleitorais: já se duvida que o PSD cumpra todas as exigências legais a tempo de disputar o pleito municipal do ano que vem.
A menos de um ano e meio de terminar seu mandato na Prefeitura de São Paulo, a administração Kassab cai na avaliação dos paulistanos. A perda de popularidade parece vir, ao menos em parte, da percepção de que o prefeito dedica tempo demais ao novo partido e atenção de menos à cidade.
Seria um fim melancólico para uma administração que teve um começo promissor.


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