São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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FERNANDO RODRIGUES

O teste de Dilma

BRASÍLIA - Quando Lula assumiu o Planalto em 2003, a oposição vivia falando (ou imprecando): vamos ver como ele se sairá em meio a uma grande crise. E as crises apareceram. Lula teve o mensalão em 2005 e foi reeleito em 2006. Depois o petista enfrentou a recessão internacional de 2008/09, mas ainda assim elegeu sua sucessora.
Com 12 anos contratados na Presidência da República, o lulismo é o modelo mais longevo no comando do país depois da ditadura militar (1964-85). Só que agora chegou a vez de Dilma Rousseff enfrentar seu primeiro teste.
Como agosto nunca decepciona os pessimistas, a presidente está diante de uma crise dupla. Há o viés político, com hordas de deputados e senadores gritando "me dá um dinheiro aí" e a PF colocando uma turma da pesada na cadeia. E tem o esfarelamento das finanças no mundo desenvolvido, com risco não desprezível de afetar o crescimento econômico do Brasil.
Hoje, Dilma fará uma reunião com os presidentes de todos os partidos políticos aliados ao Planalto. Em condição normal de temperatura e pressão, essas ocasiões já são uma usina de lamentações. Na atual conjuntura, é pule de dez que haverá lamúria pelos cantos. O governo deseja a aprovação no Congresso, em tempo recorde, de uma emenda constitucional para renovar a chamada DRU (Desvinculação de Recursos da União).
A DRU atual vence em 31 de dezembro. Dilma quer mantê-la até 2015 e usar como quiser até 20% da arrecadação de todos os tributos existentes. Ou seja, deseja uma carta branca para gastar à vontade o dinheiro do Orçamento.
Trata-se de uma nova crise com data marcada. Se até dezembro o Congresso não aprovar essa emenda constitucional, haverá por aqui o mesmo clima de fim do mundo visto nos EUA por causa do teto da dívida pública norte-americana.
Esse passa a ser o teste de estresse para Dilma a partir de agora.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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