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CLAUDIA ANTUNES
Tucanos no país do espelho
RIO DE JANEIRO - Uma experiência interessante proporcionada pelo governo petista é ver os tucanos comportando-se como se estivessem na
frente do espelho, onde tanto vêem a
própria imagem refletida como, embasbacados com o usufruto do poder
pelos adversários políticos, reagem
replicando suas táticas.
Uso da máquina pública, derrame
de gastos, autoritarismo, ufanismo e
até o uso do medo para deter a alternância no poder -todo o repertório
de ataque eleitoral peessedebista contra o petismo encontra alvo correspondente nos oito anos da administração tucana no Planalto.
De origem paulista, como o PT, o
PSDB era uma agremiação apenas
mediana até chegar ao governo. Dois
anos depois, na eleição municipal de
1996, foi o partido que mais cresceu
em número de prefeituras, de pouco
mais de 300 para quase mil. Sérgio
Motta, o estrategista, comemorou o
resultado convocando o partido à
unidade "na construção do projeto
de um novo país em torno de FHC".
A retórica soa atual, mas a escala
em que fluía sem obstáculos era
maior. A euforia em torno do real
forte deixava pouco espaço para
queixas de derrotados. Estes eram
tratados, muito democraticamente,
como fracassomaníacos, nefelibatas.
Para os tucanos, a hegemonia de
seu novo cosmopolitismo só seria alcançada com o isolamento dos corporativismos e sua substituição por
uma sociedade civil pragmática. No
aparelho estatal, técnicos supostamente apolíticos deveriam gerenciar
a transferência de benesses para os
parceiros desse projeto.
Ao olhar hoje sua imagem invertida, os tucanos gostam de lembrar
que, a despeito do blablablá sobre herança maldita, os petistas mantiveram suas políticas. Mas isso é ilusionismo. O único programa autêntico
do PSDB, o do primeiro mandato,
terminou mal. O plano adotado pelo
PT foi concebido pelo FMI como contrapartida ao resgate financeiro que
sustentou o Real por algum tempo e
assegurou a reeleição em 1998.
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