São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Necessidade de investir

HÁ INFORMAÇÕES que são difíceis de aceitar, por mais objetivos que sejamos. Não que duvidemos da sua veracidade. O que se questiona é a sua adequação à nossa realidade.
Li na semana que passou que, nos últimos três anos, os investimentos produtivos no Brasil caíram cerca de 48%. A informação foi publicada em vários jornais e baseou-se em estudos respeitáveis realizados junto a 231 empresas de capital aberto. A análise dos balanços de 300 empresas, realizada separadamente da pesquisa citada, mostrou que os investimentos produtivos também caíram nos últimos 12 meses.
É triste receber notícias como essa exatamente na hora em que o Brasil mais precisa de investimentos, assim como é lamentável verificar a falta de apetite de muitos investidores em um país tão grande e de tantas possibilidades.
É isso mesmo. O Brasil é uma nação em construção. Está tudo por ser feito. Só a expansão e a manutenção da nossa infra-estrutura constituem atividades de proporções gigantescas e que, uma vez colocadas em andamento, geram muitos postos de trabalho e viabilizam muitos negócios, que, por sua vez, geram mais empregos à frente. O Brasil é carente em energia, estradas, portos, armazéns e tantas outras áreas que são o esteio do crescimento econômico.
Ao lado disso, vivemos um momento internacional de rara oportunidade. Na sua maioria, os mercados estão superaquecidos. A China é um comprador insaciável. Os EUA estão com apenas 4,7% de desempregados, indicando que o consumo continuará intenso por um bom tempo. A União Européia mostra melhores taxas de crescimento neste ano de 2006.
Por isso, não dá para aceitar que muitos investidores venham a reduzir os investimentos no Brasil. Mas, infelizmente, é verdade. E os analistas apontam as razões. Com taxas de juros reais que se mantiveram em patamares estratosféricos -acima dos 10%- por três anos a fio, é claro que muitos produtores desanimaram e, em lugar de investir em atividades produtivas, decidiram emprestar seus recursos ao governo, cuja dívida interna assume proporções preocupantes.
Por cima de tudo, esses mesmos produtores assistem, no dia-a-dia, às promessas de redução de impostos nas falas do governo e ao aumento efetivo dos tributos na prática de seus negócios.
O que posso dizer? Repito o que digo sempre. Não podemos desanimar e tampouco nos iludir com o lucro fácil da ciranda financeira. Este país tem muito fôlego e enormes oportunidades para se obter um bom retorno com investimentos produtivos que, de resto, são os que geram mais empregos e cumprem melhor sua função social. Minha sugestão é esta: avante, Brasil!
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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