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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Necessidade
de investir
HÁ INFORMAÇÕES que são
difíceis de aceitar, por mais
objetivos que sejamos. Não
que duvidemos da sua veracidade.
O que se questiona é a sua adequação à nossa realidade.
Li na semana que passou que,
nos últimos três anos, os investimentos produtivos no Brasil caíram cerca de 48%. A informação foi
publicada em vários jornais e baseou-se em estudos respeitáveis
realizados junto a 231 empresas de
capital aberto. A análise dos balanços de 300 empresas, realizada separadamente da pesquisa citada,
mostrou que os investimentos produtivos também caíram nos últimos 12 meses.
É triste receber notícias como
essa exatamente na hora em que o
Brasil mais precisa de investimentos, assim como é lamentável verificar a falta de apetite de muitos investidores em um país tão grande e
de tantas possibilidades.
É isso mesmo. O Brasil é uma nação em construção. Está tudo por
ser feito. Só a expansão e a manutenção da nossa infra-estrutura
constituem atividades de proporções gigantescas e que, uma vez colocadas em andamento, geram
muitos postos de trabalho e viabilizam muitos negócios, que, por sua
vez, geram mais empregos à frente.
O Brasil é carente em energia, estradas, portos, armazéns e tantas
outras áreas que são o esteio do
crescimento econômico.
Ao lado disso, vivemos um momento internacional de rara oportunidade. Na sua maioria, os mercados estão superaquecidos. A China é um comprador insaciável. Os
EUA estão com apenas 4,7% de desempregados, indicando que o consumo continuará intenso por um
bom tempo. A União Européia
mostra melhores taxas de crescimento neste ano de 2006.
Por isso, não dá para aceitar que
muitos investidores venham a reduzir os investimentos no Brasil.
Mas, infelizmente, é verdade. E os
analistas apontam as razões. Com
taxas de juros reais que se mantiveram em patamares estratosféricos
-acima dos 10%- por três anos a
fio, é claro que muitos produtores
desanimaram e, em lugar de investir em atividades produtivas, decidiram emprestar seus recursos ao
governo, cuja dívida interna assume proporções preocupantes.
Por cima de tudo, esses mesmos
produtores assistem, no dia-a-dia,
às promessas de redução de impostos nas falas do governo e ao aumento efetivo dos tributos na prática de seus negócios.
O que posso dizer? Repito o que
digo sempre. Não podemos desanimar e tampouco nos iludir com o
lucro fácil da ciranda financeira.
Este país tem muito fôlego e enormes oportunidades para se obter
um bom retorno com investimentos produtivos que, de resto, são os
que geram mais empregos e cumprem melhor sua função social. Minha sugestão é esta: avante, Brasil!
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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