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ELIANE CANTANHÊDE
Banida da campanha
BRASÍLIA - Contrariando as expectativas, a política externa tem sido a
grande ausente da campanha eleitoral. Afora Índio da Costa acusando o PT de ligações com as Farc e
Lula chamando os EUA de "elefante grandalhão", nada se vê, se ouve
ou se discute sobre relações com
Washington, União Europeia,
América do Sul, China e Irã.
É uma pena, mas faz sentido. Para a candidata da situação, basta
aparecer ao lado de Lula. Para o
candidato de oposição, só resta falar de saúde e de quebra de sigilo
fiscal. Não há espaço para debater o
mundo e o Brasil no mundo.
Além disso, o eleitor não dá a menor bola, e o governo e a oposição
devem ter avaliado que teriam muito a perder e pouco a ganhar discutindo temas internacionais.
Lula, ops!, Dilma teria dificuldade para explicar a legitimação de
um regime como o de Ahmadinejad, a aliança "cumpanheira" com
Hugo Chávez e a lambança em
Honduras. E Serra teria que engolir,
sem contestar, vitórias como o salto
de qualidade do Brasil no exterior.
Sem oposição real, nem parlamentar, nem dos sindicatos, nem
dos movimentos sociais, quem acabou fazendo as vezes de criticar e
cobrar o governo foram embaixadores ou ex-ministros que ocuparam posições de destaque com
FHC, como Rubens Barbosa, Celso
Lafer, Luiz Felipe Lampreia. Mas
eles ficaram roucos de tanto falar,
sem serem ouvidos por Lula nem
considerados pelo PSDB.
Depois de oito anos de Lula e
diante da perspectiva de no mínimo quatro de Dilma, eles perdem
aliados no Itamaraty, onde Amorim
age para fazer o secretário-geral,
Antônio Patriota, seu sucessor. Se
Marco Aurélio Garcia deixar.
Saiba-se que nem Patriota tem o
fogo de Amorim, nem Dilma é um
trunfo de política externa como Lula. Muita coisa pode mudar. Além
disso, Fidel ressurgiu das cinzas
embaralhando certezas e, apesar
do pragmatismo, a relação do Brasil com os EUA é uma incógnita.
elianec@uol.com.br
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