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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Civilidade a ser respeitada
Vi na televisão que o candidato José Serra visitou o presidente
do Tribunal Regional Eleitoral de São
Paulo, desembargador Álvaro Lazzarini, para prometer a mais absoluta
limpeza nas ruas de São Paulo durante
a disputa do segundo turno das eleições municipais. Declarou que as
ruas, avenidas, prédios, tapumes, árvores e jardins ficarão inteiramente livres de cartazes, cartazetes, pichações
ou qualquer outro tipo de poluição
eleitoral.
Gostei da atitude. Espero que seja seguida pela candidata Marta Suplicy e
que ambos imitem o que foi a eleição
do primeiro turno no Rio de Janeiro.
Ali os partidos fizeram um civilizado
pacto de limpeza. Nenhum material
de propaganda foi afixado nos locais
públicos, mesmo os permitidos por
lei. A cidade ficou limpa durante toda
a campanha. Foi um excelente exemplo para todos os políticos do país.
Em São Paulo, deu-se o contrário.
Apesar de a legislação restringir a veiculação de propaganda eleitoral nos
bens públicos, árvores, jardins, postes,
viadutos, passarelas, pontes etc., os
políticos pintaram e bordaram e acabaram emporcalhando a cidade de
norte a sul. Isso reflete uma profunda
falta de respeito para com os munícipes e para com a própria cidade.
Além da poluição eleitoral, a sujeira
de São Paulo é vergonhosa. Nas minhas andanças pelo país, tenho notado que a nossa capital é uma séria candidata ao "Porcolino do Brasil". As pichações se multiplicam nos prédios
públicos e nas propriedades privadas.
Não escapa nada. Há pichações até em
escolas e hospitais.
Não vejo nenhuma campanha com
vistas a desestimular esse péssimo hábito e tampouco a aplicação de sanções contra os que desrespeitam a tudo e a todos, dando um mau exemplo
à juventude, que, aos poucos, vai sendo forçada a conviver no meio da sujeira e do lixo. Ao contrário. As autoridades têm feito vistas grossas aos que
emporcalham a cidade em lugar de
educá-los continuamente e de puni-los esporadicamente.
Por isso, foi com alegria que vi a atitude de Serra ao propor uma campanha limpa. Oxalá essa decisão unilateral se transforme em bilateral e, mais
do que isso, se torne uma norma permanente para todas as campanhas
eleitorais no Brasil. Afinal, para os
candidatos exercerem o seu poder de
convencimento e de persuasão existem, modernamente, o rádio, a televisão, a internet, os telegramas fonados
e outros meios, estando disponíveis
ainda os velhos métodos de contato
direto das caminhadas, passeatas e visitas aos eleitores. Os comícios também são justificáveis desde que, é claro, sejam seguidos de uma boa limpeza após sua realização.
Limpeza é sinônimo de educação.
Aproveitemos essa promessa para
transformar o chiqueiro em que se encontram vários pontos da cidade de
São Paulo em locais asseados e agradáveis para quem passa e usa os logradouros municipais. Isso também faz
parte da tão pregada e decantada cidadania.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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