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O NOBEL DA PAZ
Foi merecido o Prêmio Nobel
da Paz concedido à Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA) e a seu chefe, Mohamed El
Baradei, por seus esforços para conter a proliferação de armas nucleares.
Embora o comitê norueguês encarregado de distribuir o laurel negue, a
escolha encerra uma crítica ao presidente dos EUA, George W. Bush, e
às suas políticas unilateralistas, a
exemplo da premiação de 2002, em
que o galardoado foi o ex-presidente
norte-americano Jimmy Carter.
El Baradei entrou por diversas vezes em rota de colisão com a Casa
Branca. Em 2003, às vésperas da
Guerra do Iraque, o diplomata egípcio criticou os supostos dados apresentados pela inteligência americana. Tinha razão. Veio a invasão e a
subseqüente confirmação de que
Saddam Hussein abandonara seus
projetos nucleares anos antes da intervenção.
Mais recentemente, El Baradei foi
acusado pelos EUA de não ser duro o
bastante em relação ao programa
nuclear iraniano. Washington tentou por vários meios impedir sua reeleição para a chefia da AIEA, mas, como não conseguiu reunir aliados em
número suficiente, acabou desistindo da manobra.
A premiação de El Baradei e da
agência são oportunas, mas isso não
significa que o sistema de prevenção
nuclear esteja bem e dispense reformas. Países como o Irã e a Coréia do
Norte causam preocupação. Deve-se
evitar que desenvolvam armamento
nuclear. Mas, para fazê-lo de maneira justa, é necessário rever o Tratado
de Não-Proliferação Nuclear para nele incluir, senão um cronograma, pelo menos a idéia de que, no futuro,
também as potências nucleares reduzirão seus arsenais e, um dia, deles abrirão mão. Deixar de fazê-lo é
projetar para a eternidade uma situação de desequilíbrio, em que as cinco
potências nucleares ficam autorizadas a possuir artefatos atômicos, e
todos os outros países, proibidos.
Assimetrias são um dado da realidade, mas não se pode pretender que
durem para sempre.
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