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CARLOS HEITOR CONY
Quem ganhou o debate
RIO DE JANEIRO - O debate de
domingo na Rede Bandeirantes, em
que pese a eficiência técnica de sua
produção, foi de pasmosa inutilidade política e eleitoral. Se a parte técnica merece elogios, o conteúdo a
cargo dos dois presidenciáveis foi
de uma mediocridade desoladora.
Temo que os demais debates repitam as mesmas acusações, as
mesmas explicações, as mesmas insinuações -a mesmice substituindo o que deveria ser realmente um
debate de idéias e de programas.
Não faltarão pesquisas assegurando que Lula foi melhor que
Alckmin ou o contrário, Alckmin
melhor que Lula. A agressividade
de ambos substituiu o raciocínio
claro e convincente. Impressionante como Lula citou números estratosféricos de suas realizações, milhões disso ou para isso, milhões de
pessoas alimentadas, milhões de
empregos distribuídos.
Em todo caso, dentro do clubismo esportivo que cerca a política
nos instantes decisivos, como os de
agora, se me perguntarem a quem o
debate mais favoreceu, eu diria que
Alckmin foi beneficiado -não pelas
respostas às perguntas que deu e
formulou, mas pela sua exposição
na mídia que cobriu o debate.
Lula é um animal político mais do
que conhecido, amado ou desprezado por uma legião de eleitores.
Alckmin é novo, um rosto, uma voz
ainda desconhecida para grande
parte do eleitorado. Pensando bem,
os chamados indecisos já conhecem Lula de sobra e, se continuam
indecisos, é porque não pretendem
votar nele.
A opção então, é conhecer e avaliar o seu oponente, e é neste particular que os debates favorecerão o
candidato tucano, independentemente do conteúdo, das acusações e
das defesas que apresentar nas próximas ocasiões.
Lula precisará criar um fato de
grande impacto para motivar os indecisos a votar nele.
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