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ANTONIO DELFIM NETTO
Uma semana tranqüilizadora
O MÍNIMO que se pode dizer
da última semana é que ela
foi tranqüilizadora. O desempenho da ministra Dilma
Rousseff na sabatina da Folha mostrou que há mais esforço administrativo e menos ênfase ideológica no governo Lula do que sugerem seus críticos ideológicos.
Com uma saborosa desenvoltura
declarou-se "socialista".
Mas que socialismo? Não o do
"século 21", que terminará bem
pior que o do século 20, e muito
menos o da luta armada para impor "democraticamente" a liberdade como pensava aos 19 anos. Segundo se viu, "socialismo" é o codinome da construção de uma sociedade constitucionalmente forte,
com poder incumbente regularmente eleito por partidos competitivos e onde prevaleça uma certa
justiça, uma relativa igualdade de
oportunidade, onde a liberdade individual seja efetiva, onde as desigualdades de renda não sejam chocantes e o sistema produtivo seja a
economia de mercado submetida a
um regime competitivo. Em poucas palavras, "um capitalismo moralmente aceitável".
Outro fato tranqüilizador foi o
visível avanço no setor da infra-estrutura. Finalmente desencantaram-se os "leilões" dos sete trechos de rodovias do Sul e Sudeste,
que somam 2.600 quilômetros e
que aguardavam solução desde
1996. Mais de uma vez criticamos
neste mesmo espaço as dificuldades que tinha o governo para decidir. Pois bem, os projetos dos leilões surpreenderam: parecem
muito adequados, e as condições
de garantia da execução das obras
são eficazes. Ao que tudo indica,
haverá uma feroz competição que
beneficiará os consumidores, inclusive com uma rápida antecipação da melhoria dos serviços antes
da cobrança dos pedágios, o que reduzirá a resistência a eles. Abre-se,
agora, a possibilidade de que o governo coloque, por concessão simples ou por PPP, outros 15 mil quilômetros de rodovias, o que as recuperaria em menos de três anos,
como tem insistido o senhor Paulo
Godoy, presidente da Abdib.
Na mesma semana, a Vale do Rio
Doce arrematou 720 quilômetros
da ferrovia Norte-Sul, e os investimentos sugeridos no PAC... começam a mover-se com maior rapidez, o que é fundamental para aumentar a eficiência da economia.
Um fantasma, entretanto, ainda
inquieta o investidor privado: a ausência de uma demonstração convincente do teorema de que não
faltará energia a preços razoáveis
(ainda que a custo marginal crescente), mesmo com um crescimento do PIB de 5% ao ano nos
próximos dez ou 15 anos. Para isso
seria bom se fossem acelerados,
também, os leilões das hidrelétricas do Madeira.
contatodelfimnetto uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
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