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Tijolos e saúde
LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA
Inicialmente, investe-sena obra. Em seguida,por responsabilidadesocial, investe-se no funcionamento do sistema
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"Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei
a levantar. Foi um tempo de aflição,
eram quatro condução, duas pra ir, duas
pra voltar. Hoje depois dele pronto, olho
pra cima e fico tonto. Mas me vem um
cidadão e me diz desconfiado: tu tá aí admirado ou tá querendo roubar?"
OS VERSOS cantados por Zé Geraldo em "Cidadão" entraram
para a história da MPB por esquadrinhar com sensibilidade o que,
infelizmente, ainda acontece com
inúmeros brasileiros que constroem
todos os dias este país, mas, assim que
terminam o seu trabalho, não conseguem usufruir dele.
A implementação do SUS (Sistema
Único de Saúde) é hoje a maior política pública do Brasil para mudar esse
quadro de desigualdade social.
Cada tijolo utilizado para a construção de um hospital público se torna um benefício para todo cidadão
brasileiro, que encontrará o SUS com
as portas abertas para atendê-lo.
Em 2007, o governo de São Paulo
gastou R$ 8,1 bilhões com saúde, sendo R$ 6 bilhões de seu orçamento
próprio, excluídas as transferências
federais. Completou assim um grande
ciclo de investimentos em obras no
setor. Nesse período, houve a expansão do Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia, referência nacional, e do
Hospital Infantil Cândido Fontoura,
além da conclusão do Instituto Dr.
Arnaldo e da construção do Hospital
de Ferraz de Vasconcelos.
Essas obras consumiram R$ 176
milhões do orçamento da Saúde. Em
2008, o aumento de gastos de custeio
desses hospitais será superior aos investimentos. Na Saúde é assim: os
gastos de funcionamento de um hospital superam rapidamente os investimentos feitos na sua construção.
A reportagem publicada nesta
Folha na sexta-feira passada, dia 5,
confunde alhos com bugalhos e induz
o leitor a erro ao confundir investimento (obras) com gastos em saúde
(manutenção e funcionamento).
Mais ainda: subestima o esforço do
governo estadual, pois deixa de informar que a parte do orçamento do setor que é financiada com impostos
próprios do Estado cresce 9,8% na
proposta orçamentária para 2008.
Parece confundir também Estado
com governo ao não informar que as
transferências federais do SUS não
são feitas somente para o governo do
Estado mas também para os municípios, numa proporção aproximada de
50% para cada um. Além disso, do dinheiro que vem para o governo do Estado, cerca de 3/4 também são transferidos aos municípios e a prestadores de serviços, sendo o governo um
repassador de recursos. A análise do
orçamento mostra que o gasto total
com saúde vem crescendo ano a ano
e, em 2008, vai aumentar ainda mais.
Serão R$ 560 milhões adicionais. É
completamente descabida, portanto,
a insinuação de que a área perderá
devido à redução de investimentos.
A lógica é simples. Inicialmente, investe-se na obra. Em seguida, por responsabilidade social, investe-se no funcionamento do sistema com a
aquisição de insumos e profissionais.
São Paulo, no próximo ano, inicia essa nova fase.
O total de gasto em saúde previsto
para 2008 representa 12,3% do total
das receitas próprias do Estado e
cumpre o estabelecido pela emenda
constitucional 29.
Os recursos permitirão à secretaria, entre outras ações, inaugurar 15
novos Ambulatórios Médicos de Especialidade (Ames), ampliar em cerca
de R$ 200 milhões a compra de medicamentos para distribuição gratuita,
instalar três novos hospitais regionais e preparar um grande hospital
para Presidente Prudente.
Além disso, será concluída a Fábrica dos Remédios de Américo Brasiliense, que praticamente duplicará a
capacidade de produção do programa
de distribuição de medicamentos em
São Paulo.
A secretaria também vai inovar no
auxílio aos seus principais parceiros:
as santas casas. Em São Paulo, Estado
onde 57% das internações do SUS são
feitas por instituições filantrópicas, a
secretaria criou um auxílio financeiro
para minimizar os danos causados
pela inadequada remuneração das tabelas do SUS.
No próximo ano, cerca de uma centena de hospitais filantrópicos vai receber um auxílio fixo mensal do governo do Estado. Um investimento
de mais de R$ 200 milhões.
São medidas como essas que fazem
com que São Paulo seja procurado
por brasileiros que precisam cuidar
da sua saúde. Só para ter uma idéia,
46% dos transplantes do Brasil são
feitos aqui, enquanto a população
paulista representa 22% da nação.
Não há dúvida de que saúde é a
prioridade máxima no Estado. O governo de São Paulo lamenta avaliações precipitadas e cada dia mais faz
investimentos em unidades de saúde
para que as pessoas, mais do que admirar, tenham o direito de usá-las
com a qualidade que elas merecem.
LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA , 54, médico sanitarista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
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