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ELIANE CANTANHÊDE
Duelo
BRASÍLIA - A boa notícia para Dilma Rousseff no Datafolha de hoje é
que ela continua favorita e, se a
eleição fosse neste domingo, estaria eleita presidente.
A boa notícia para José Serra é
que a diferença de sete pontos (ou
de oito, considerados os votos válidos) comporta a possibilidade de
reviravolta, sobretudo porque Dilma mantém a tendência de queda
da reta final do primeiro turno.
Continua perdendo votos lentamente na sequência do Datafolha,
caindo de 57% em meados de setembro para 48%, enquanto Serra
escalou de 35% para 41% no mesmo período. A distância se estreita.
Um dado relevante é que a pesquisa não capta integralmente os
efeitos da propaganda eleitoral na
TV. Outro dado é o corte do resultado. Dilma continua vencendo pela
esmagadora maioria no Nordeste e
pela vantagem no interior. Serra está na frente nas demais regiões dentro da margem de erro e ganha no
Sul e na maioria das capitais.
Significa que Dilma tem de focar
o voto mais culto e mais urbano, e
Serra, o voto regional e dos menos
escolarizados, onde o governo tem
mais estrutura, mais aliados, mais
cabos eleitorais.
Na disputa frenética pelos votos
do PV e de Marina, Serra leva vantagem, mas não suficiente para vencer. Ele precisa avançar sobre o
eleitor de baixa renda e catalisar as
perdas da adversária. No primeiro
turno, elas iam para Marina. No segundo, migram para os indecisos.
O segundo turno tem características de duelo. As armas de Dilma
para segurar seus votos e as de Serra para atrair ex-dilmistas, verdes e
indecisos estão no rádio e na TV,
com a propaganda gratuita e os debates, que começam hoje na Rede
Bandeirantes.
Serra chega a essa fase exibindo
súbito otimismo, e Dilma, desconforto e abatimento. Essa é uma
grande mudança de 2010 para
2006: o humor dos candidatos se
inverteu no segundo turno. Costuma refletir no resultado.
elianec@uol.com.br
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