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ESTADO X CAPITAL GLOBAL
A globalização reduziu o raio de
ação dos Estados nacionais. Essa
afirmação verdadeira tende a ser confundida com outra, falsa: os governos nada têm a fazer. Deveria ser evidente que a capacidade de ação de cada Estado é um resultado também da
estatura dos seus dirigentes, das
pressões sociais e da formulação de
estratégias de longo prazo.
São fatores políticos e, em certos
casos, fortuitos. Mas há anos são discutidas e implementadas políticas
ativas em várias áreas. Isso torna a
passividade diante da globalização
ainda mais pusilânime, se não irresponsável. O FMI, o Banco Mundial, a
ONU e o BID têm recomendado políticas mais intensivas de distribuição
de renda. Não por motivos humanitários, mas econômicos. Países com
renda mais bem distribuída elevam
sua poupança e, assim, dependem
menos do financiamento externo.
Outra área importante é a das políticas comerciais. Apesar da onda de liberalização global, tanto na Europa
quanto nos EUA há setores protegidos, como a agricultura. Em vão tentam os menos desenvolvidos quebrar
essa agenda cumprida firmemente
pelos Estados dos países mais ricos.
O fomento à educação, à ciência e à
tecnologia também é visto pela OCDE como área onde o Estado desempenha funções econômicas de incentivo ou indicativas fundamentais.
Finalmente, o tratamento dado ao
capital externo também tem sido alvo
de revisões doutrinárias. Aliás, na
reunião anual do FMI houve a aceitação oficial de controles pragmáticos,
principalmente nas economias em
desenvolvimento. O Chile é, nessa
área, um caso hoje clássico.
Alguns governantes preferem
"surfar" nas ondas da liquidez financeira global a construir ancoradouros próprios para a estabilidade e
o desenvolvimento. Atribuem os desastres à "globalização", o que é só
uma demonstração seja de pressões
insuficientes da sociedade seja, no
mínimo, de preguiça de governar.
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