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POSSÍVEL BOLHA
O momento econômico mundial é de reanimação inspirada
no vigor do crescimento norte-americano. As avaliações de risco cederam e o Brasil é um dos beneficiados.
Um alerta sensato, contudo, foi
lançado por Michael Pettis, ex-executivo de banco de investimento e professor de Finanças Internacionais na
Universidade Tsinghua, em Pequim.
Num artigo publicado pelo jornal
"Valor Econômico", Pettis lembra
que bolhas de otimismo têm sido
frequentes, refletindo mais a ampliação cíclica da liquidez internacional
que uma real superação de gargalos
fundamentais, seja nas economias
emergentes, seja nas desenvolvidas.
Para ele, pode ser apenas "mais um
rali induzido por liquidez" e, "assim
que as condições se reverterem, como inevitavelmente ocorrerá, o resultado será desagradável".
O alerta é relevante para os tecnocratas brasileiros, useiros e vezeiros
do surfe nas ondas de bonança financeira global, mas incapazes de
produzir as reformas fundamentais
para um otimismo de maior fôlego.
Comparações sensatas não são a
regra nos mercados financeiros. Mas
é inquietante observar os indicadores
listados por Pettis. Os papéis de mercados emergentes valorizaram-se
60% em média neste ano. A Rússia,
país ainda sujeito a incertezas institucionais, deu aos investidores um retorno de mais de 40% em 2003. O
mercado argentino dobrou em valor.
Na Venezuela, que está longe de ser
um paraíso do ponto de vista da ortodoxia econômica, o mercado de
ações também mais que dobrou, oferecendo retorno de 107% em dólares.
As autoridades brasileiras oferecem aos mercados indicadores de
ajuste fiscal e nas contas externas
que, em tese, seriam uma garantia
específica e sólida de credibilidade.
A melhora geral entre os emergentes, no entanto, recomenda cautela
diante do senso comum que embarca na retórica triunfalista da política
econômica atual.
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