|
Próximo Texto | Índice
FREIO NA INDÚSTRIA
Ao que tudo indica, um misto
de juros altos, queda da confiança do consumidor e eventual retração de sua disposição a se endividar conspirou para que a produção
industrial caísse 2% em setembro na
comparação com agosto, segundo
dados divulgados pelo IBGE. Pelo
terceiro mês consecutivo foi apurada
queda no desempenho do setor de
bens de consumo duráveis (como
TVs e geladeiras). Também declinou
a produção de bens semiduráveis e
não-duráveis (como alimentos).
Os sinais de desaceleração já haviam sido antecipados por pesquisa
da Confederação Nacional da Indústria, divulgada na terça-feira -que
apontou redução das vendas da indústria de agosto para setembro.
Esses indicadores demonstram
que, por mais particulares que possam ser as características da economia brasileira, ainda não se revogou
no país a regra universal segundo a
qual aumentos acentuados da taxa
de juros atuam para arrefecer a expansão da atividade econômica.
A queda apurada não pode ser considerada catastrófica, mas ressalta o
desempenho medíocre do Brasil, cujo crescimento em 2005, segundo diversas fontes, mais uma vez ficará
bem abaixo da média de seus pares.
Enquanto outros países aproveitam
o ciclo favorável da economia global
para crescer a taxas expressivas, o governo brasileiro comemora com auto-elogios falaciosos uma performance bastante aquém da que seria
desejável e possível.
O mínimo a esperar é que a pesquisa divulgada pelo IBGE seja levada
em consideração na próxima reunião do Comitê de Política Monetária
do Banco Central (Copom), que decidirá sobre a taxa Selic. Afora os reflexos negativos na produção e no
consumo, as decisões exacerbadas
do BC no que tange aos juros têm
contribuído para elevar a dívida pública e estimular a forte valorização
da moeda brasileira, que já atingiu
patamares preocupantes.
Não são poucos, portanto, os fatores em cena a justificar plenamente
uma aceleração do processo de corte
da taxa básica de juros pelo BC.
Próximo Texto: Editoriais: EXCELÊNCIA DE FACHADA Índice
|