São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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FREIO NA INDÚSTRIA

Ao que tudo indica, um misto de juros altos, queda da confiança do consumidor e eventual retração de sua disposição a se endividar conspirou para que a produção industrial caísse 2% em setembro na comparação com agosto, segundo dados divulgados pelo IBGE. Pelo terceiro mês consecutivo foi apurada queda no desempenho do setor de bens de consumo duráveis (como TVs e geladeiras). Também declinou a produção de bens semiduráveis e não-duráveis (como alimentos).
Os sinais de desaceleração já haviam sido antecipados por pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, divulgada na terça-feira -que apontou redução das vendas da indústria de agosto para setembro.
Esses indicadores demonstram que, por mais particulares que possam ser as características da economia brasileira, ainda não se revogou no país a regra universal segundo a qual aumentos acentuados da taxa de juros atuam para arrefecer a expansão da atividade econômica.
A queda apurada não pode ser considerada catastrófica, mas ressalta o desempenho medíocre do Brasil, cujo crescimento em 2005, segundo diversas fontes, mais uma vez ficará bem abaixo da média de seus pares. Enquanto outros países aproveitam o ciclo favorável da economia global para crescer a taxas expressivas, o governo brasileiro comemora com auto-elogios falaciosos uma performance bastante aquém da que seria desejável e possível.
O mínimo a esperar é que a pesquisa divulgada pelo IBGE seja levada em consideração na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que decidirá sobre a taxa Selic. Afora os reflexos negativos na produção e no consumo, as decisões exacerbadas do BC no que tange aos juros têm contribuído para elevar a dívida pública e estimular a forte valorização da moeda brasileira, que já atingiu patamares preocupantes.
Não são poucos, portanto, os fatores em cena a justificar plenamente uma aceleração do processo de corte da taxa básica de juros pelo BC.


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