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EXCELÊNCIA DE FACHADA
As ações da Polícia Federal têm
sido uma das bandeiras de
marketing do governo federal. Em
seus pronunciamentos, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva refere-se
constantemente às operações realizadas pela PF como sinais da implantação de um novo modelo de rigor e eficiência. Muitas vezes, essas
operações são ostensivas e coreografadas num formato nitidamente concebido para reforçar, diante das câmeras da mídia, a suposta imagem
de excelência da instituição.
Por trás dessas performances, contudo, esconde-se um organismo
com sérias carências de recursos e
infra-estrutura. Na última terça, servidores da PF fizeram uma "paralisação de advertência" em cinco Estados para exigir melhores condições
de trabalho e protestar contra o aproveitamento político que o governo federal tem feito das operações.
Os organizadores do movimento
afirmam que os policiais não raro
têm de contribuir com seus próprios
recursos para obter combustível,
munição e até mesmo armas. Queixam-se também da falta de peritos,
computadores e sistemas de vigilância interna para exercer controle sobre os materiais apreendidos, tais como armas, drogas e contrabando.
O recente desaparecimento de 136
quilos de cocaína da Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo,
ou o roubo de mais de R$ 2 milhões
em cédulas de euro e dólar das dependências de sua sede, no Rio de Janeiro, são claro exemplo das condições precárias em que o trabalho da
PF vem sendo realizado.
É claro que a instituição fez progressos nos últimos anos. A sucessão de ações contra o crime organizado representa um avanço importante no combate à impunidade. Mas
não há como negar que a PF tem sido
atingida pelo estado de penúria que
se verifica em algumas áreas da máquina pública. E o país não tem nada
a ganhar quando o governo opta por
maquiar a realidade em vez de empenhar-se no provimento das condições mínimas de trabalho.
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