São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Skymaster
"A reportagem "Relatório vai pedir o indiciamento de sócios da Skymaster por fraudes" (Brasil, 9/11) deve provocar uma reflexão: por que o informante (ou os informantes) se escondem atrás do anonimato? De que têm medo para identificar-se apenas como "integrantes da CPI" e lançar suspeitas contra uma empresa séria? As fontes costumam pedir anonimato quando suas revelações podem trazer-lhes problemas. Que problemas podem temer Suas Excelências caso se identifiquem? Ou seria um ex-funcionário demitido por justa causa? Um processo-crime, talvez, quando se comprovar que suas acusações são falsas, levianas e mal-intencionadas? Se estão convencidos do que dizem, nem processo-crime deveriam temer. Por que, então, essa "síndrome de Garganta Profunda'? Quanto à reportagem, que utilizou material já publicado e já desmentido no "Painel", houve um equívoco de interpretação. A assessoria de imprensa da Skymaster foi informada da tal suspeita de que a empresa seria dona de uma empresa de leasing de aviões nas ilhas Virgens. Negou formalmente tal bobagem. Disse que a Skymaster jamais enviou um centavo sequer a paraísos fiscais e informou que os aviões da Skymaster, como o da maior parte das companhias aéreas do mundo, são alugados de grandes empresas internacionais. Como não tínhamos a informação completa, telefonamos cinco minutos depois e informamos que a Skymaster arrenda seus aviões na Irlanda e nos Estados Unidos. Informação idêntica foi deixada na caixa postal do celular da repórter."
Carlos Brickmann, Brickmann & Associados Comunicação, assessoria de Imprensa da Skymaster (São Paulo, SP)

Residência fixa, réus primários
"Apesar de ter consciência de que, para viver em sociedade e numa democracia plena, temos sempre de ter como premissa que "decisão da Justiça não se contesta, cumpre-se", é impossível não ficar indignado com a recente decisão da Justiça de libertar três pessoas (entre eles a própria filha) que trucidaram o casal Richthofen a pauladas. A fundamentação dada pela Justiça para tomar essa decisão tão revoltante para nós, simples pagadores de impostos, é mais revoltante ainda: "(...) por terem residência fixa, serem réus primários e não oferecerem riscos a sociedade (...)". Se uma pessoa que ajuda a matar os próprios pais de maneira tão cruel, tão traiçoeira (esperando-os dormir) e tão covarde não oferece risco à sociedade, então quem será que oferece?"
Gilberto Ribeiro da Silva (Carapicuíba, SP)

Resposta do saci
"Agradeço a "carta" de Marcelo Coelho na Ilustrada de 2/11 e gostaria de fazer algumas ressalvas. Não endosso regimes totalitários, sou avesso a grilhões e viro fera diante do aprisionamento de animais, idéias e gente. Mas não é correto creditar a Getúlio Vargas a invenção do Vovô Índio -na verdade, obra dos integralistas que Plínio Salgado tentou impingir à nação para substituir Papai Noel. Não colou e ficamos com Santa Claus. Não o original, mas a versão criada na década de 1930, numa estratégia bem-sucedida da Coca-Cola para conquistar o público infantil. O traje azul foi trocado pelo vermelho e branco, cores da bebida que simboliza a hegemonia do império norte-americano. Não sou retrógrado nem xenófobo, mas garanto que, ao comemorar o halloween, as crianças não reverenciam feiticeiras celtas nem condes húngaros. Estão consumindo produtos da cultura de massas, copiando os enlatados da TV e, o que é pior, com incentivo dos professores nas escolas. Quanto a lidar com o medo, posso apresentar o colunista a criaturas tão ou mais assustadoras do que as bruxas "made in USA". A lista é longa e inclui a mula-sem-cabeça, o curupira e o boitatá... E sobre oficializar o "meu dia", não preciso disso nem quero sua obrigatoriedade. Mas sou grato aos autores do projeto, que, diga-se de passagem, não pegaram carona na idéia, só encamparam sugestão da Sosaci (Sociedade dos Observadores de Saci) -a coisa vingou e conta com abaixo assinado de mais de 5.000 nomes que pedem o Dia do Saci e de Seus Amigos. Será uma data para repensarmos nossas tradições e nossas lendas. Sem caça às bruxas. Palavra de saci."
Marcia Camargos, escritora, doutora em história social, e Vladimir Sacchetta, jornalista e produtor cultural, fundadores da Sosaci (São Paulo, SP)

Beijo
"A TV Globo, ícone da baixaria nacional, teve o bom senso e o pudor de vetar a cena nojenta de "homossexual" se beijando na novela. Mas vem a Folha, arauto da liberdade de expressão e de imprensa, mostrar que é também um arauto da libertinagem."
Juscelino Dornelas Pereira (Uberlândia, MG)

 

"Como leitor desse conceituado jornal, fiquei admirado com a importância dada ao protesto contra a censura da Globo, que teve a participação de 150 pessoas -houve grande destaque na Primeira Página, com foto e chamada para reportagem interna. O que representam 150 pessoas em relação à população brasileira? Uma agulha no oceano! Daí o meu protesto. Infelizmente, não podemos controlar o que vem pela TV e adentra nossos lares. Por isso foi de muito bom senso a Globo censurar tal cena."
Sidônio Trivellato (Valinhos, SP)

Teses
"Acho que o assunto sobre o comércio de teses e trabalhos acadêmicos é puro folclore na área médica e biológica. É claro que nenhum orientador e/ou coordenador vai aceitar uma tese que não tenha vínculo com a linha de pesquisa, cujos resultados não tenham sido submetidos para publicação e cujo orientador não tenha participado da confecção do trabalho. Por outro lado, se, por causa de um programa desqualificado e de orientadores relapsos, isso vier a acontecer, o programa será desqualificado, porque o Comitê de Avaliação da Capes irá detectar o problema. De qualquer maneira, na minha opinião, isso é folclore em pós-graduação strictu sensu, mesmo de outras áreas. Pode ter acontecido em alguns programas de "pós-graduação" desqualificados que talvez existam em faculdades de terceira categoria. Não vejo como isso poderia acontecer em um programa de pós-graduação credenciado pela Capes."
Francisco J. Sampaio, professor-titular e chefe da unidade de pesquisa urogenital da Uerj, representante medicina 3 na Capes (Rio de Janeiro, RJ)

Desarmamento
"O que Chico Santa Rita esqueceu de dizer em seu artigo de ontem é que venceu, no referendo do dia 23, a tese neoliberal da segurança. Embora o resultado do referendo seja inquestionável do ponto de vista democrático, é preciso frisar que, mais cedo ou mais tarde, essa mesma maioria que votou "não" deverá concluir que esse resultado não é republicano, uma vez que não serve ao interesse comum. Os donos de empresas privadas de segurança devem estar rindo de orelha a orelha, pois os seus melhores clientes, os moradores dos condomínios de luxo, continuarão pagando fortunas para manter os ladrões a léguas de distância, já que não confiam nas polícias públicas. A concepção neoliberal de segurança não garante a integridade física do cidadão comum. Azar daquele que não tem condições de pagar para manter vigilantes privados 24 horas. Assim, caminhamos todos para a "lei de Murici: cada um cuida de si". O rico contrata a polícia privada; a classe média e os menos favorecidos, estes se viram com a polícia pública. Cidadãos do Primeiro Mundo já começaram a entender que abrir mão desse propalado "direito individual" em nome de mais segurança coletiva não arranca pedaço nem extingue princípios democráticos. No fim, ganham todos. Fortalecer a presença do Estado em questões sociais é benéfico a todos."
Joaquim São Pedro (Brasília, DF)


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