|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Covas dá as cartas
BRASÍLIA - Mário Covas acaba de resgatar a candidatura presidencial
de Tasso Jereissati para o PSDB. Até a
semana passada, Tasso parecia mais
candidato de ACM. Hoje, é o principal candidato tucano. Ou seja, da
aliança PSDB-PFL-PMDB.
Cumpre-se a profecia: se Covas já
era a maior força política do PSDB,
com a doença passa a estar acima do
bem, do mal e de FHC. O que ele diz
(ou disser) tem (terá) um efeito beirando o religioso. Quem ele quiser já
sai disparado. Quem ele não quiser
que ponha as barbas de molho.
É aí que entra José Serra. A manifestação de Covas pró-Tasso equivale
a anti-Serra. Enquanto Tasso ficava
escondidinho no Ceará e insuflado
por ACM, Serra corria solto pelo país
e pelos partidos afora e se afirmava
como "o" nome em ascensão. Covas
abriu a boca e a situação se inverteu.
O PFL soltou fogos. Alguns do
PSDB comemoraram. Os do PMDB
que já se animavam para os lados de
Serra podem dar uma recuada estratégica. Quem não acreditava em Tasso passou a acreditar e amplificar
suas qualidades: sujeito afirmativo,
político hábil, empresário moderno,
crítico da política econômica.
Por mais que Covas e Tasso venham se acertando há meses, o movimento político mais importante do
governador paulista na sucessão foi
surpreendente. E num momento dramático da vida dele.
Há até quem busque na história
um componente quase psicológico:
esses tucanos paulistas, FHC, Covas e
Serra à frente, têm e sempre tiveram
relações de amor muito esquisitas. Se
é que são mesmo de amor.
Como registro, a declaração de Covas coincidiu com uma outra de Geraldo Alckmin deixando claro que a
vaga de candidato ao governo de São
Paulo em 2002 é dele e ninguém tasca. Ou seja: se Covas fecha a porta do
Planalto, Alckmin fecha a do Bandeirantes. O que sobra para Serra?
Em política, portas nunca estão totalmente fechadas nem abertas, muito menos dois anos antes. Mas nem
sempre é fácil encontrar as chaves.
Hoje, elas estão com Tasso.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Uma sucursal de Miami Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: O chuveiro e o chafariz Índice
|