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RITMO MAIS LENTO
Os números do IBGE relativos
à produção industrial brasileira em outubro passado reforçam a
avaliação de que o expressivo crescimento do setor verificado até agosto
perde velocidade. Em relação a setembro, descontados fatores sazonais, apurou-se em outubro um pequeno recuo, de 0,4%, da produção.
Como os dados de setembro foram
revistos, passando a acusar retração
de 0,2% sobre agosto, o resultado de
outubro representou a segunda queda mensal consecutiva.
O arrefecimento não se concentrou
num setor específico. A queda mais
intensa, de 2,3%, foi a dos duráveis,
mas também os não-duráveis e os
bens de capital recuaram pouco mais
de 1%. Apenas os bens intermediários mantiveram estabilidade.
No caso dos bens duráveis, cuja
produção vinha em alta acentuada
desde meados de 2003, uma acomodação era previsível. Mais surpreendente foi a perda de ímpeto dos bens
de capital, que relativiza o ritmo da
retomada dos investimentos, e dos
não-duráveis, que lançou dúvidas sobre a intensidade da recuperação do
poder de compra dos trabalhadores.
Os primeiros indícios relativos ao
desempenho da indústria em novembro são positivos -a produção
de veículos, por exemplo, teve recuperação bastante significativa sobre
outubro. Aparentemente, a atividade
industrial mantém tendência de expansão, embora em ritmo mais moderado do que entre fins de 2003 e
agosto deste ano.
O modelo de projeção econômica
empregado pelo Banco Central supõe que uma mudança na taxa de juros básica só passa a afetar o ritmo
da atividade econômica num intervalo de três a seis meses. Logo, segundo a lógica do BC, a alta de juros iniciada em meados de setembro não
teria papel relevante nos resultados
mais fracos da indústria naquele mês
e em outubro. Sendo assim, seria recomendável que a autoridade monetária atuasse com cautela em suas
próximas decisões a respeito da taxa
Selic, para não agravar uma tendência de desaceleração da atividade industrial já em curso.
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