São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

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RITMO MAIS LENTO

Os números do IBGE relativos à produção industrial brasileira em outubro passado reforçam a avaliação de que o expressivo crescimento do setor verificado até agosto perde velocidade. Em relação a setembro, descontados fatores sazonais, apurou-se em outubro um pequeno recuo, de 0,4%, da produção. Como os dados de setembro foram revistos, passando a acusar retração de 0,2% sobre agosto, o resultado de outubro representou a segunda queda mensal consecutiva.
O arrefecimento não se concentrou num setor específico. A queda mais intensa, de 2,3%, foi a dos duráveis, mas também os não-duráveis e os bens de capital recuaram pouco mais de 1%. Apenas os bens intermediários mantiveram estabilidade.
No caso dos bens duráveis, cuja produção vinha em alta acentuada desde meados de 2003, uma acomodação era previsível. Mais surpreendente foi a perda de ímpeto dos bens de capital, que relativiza o ritmo da retomada dos investimentos, e dos não-duráveis, que lançou dúvidas sobre a intensidade da recuperação do poder de compra dos trabalhadores.
Os primeiros indícios relativos ao desempenho da indústria em novembro são positivos -a produção de veículos, por exemplo, teve recuperação bastante significativa sobre outubro. Aparentemente, a atividade industrial mantém tendência de expansão, embora em ritmo mais moderado do que entre fins de 2003 e agosto deste ano.
O modelo de projeção econômica empregado pelo Banco Central supõe que uma mudança na taxa de juros básica só passa a afetar o ritmo da atividade econômica num intervalo de três a seis meses. Logo, segundo a lógica do BC, a alta de juros iniciada em meados de setembro não teria papel relevante nos resultados mais fracos da indústria naquele mês e em outubro. Sendo assim, seria recomendável que a autoridade monetária atuasse com cautela em suas próximas decisões a respeito da taxa Selic, para não agravar uma tendência de desaceleração da atividade industrial já em curso.


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