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QUEDA DA CARGA
Depois de o IBGE ter revisto os
cálculos referentes ao PIB de
2003, passando a indicar que não
houve queda de 0,2%, mas um diminuto crescimento de 0,5%, o governo
refez as contas relativas ao peso dos
impostos na economia. Segundo os
números divulgados pela Receita Federal, a carga tributária (que é a arrecadação total de tributos dividida pelo PIB) caiu de 35,53% em 2002 para
34,88% em 2003. Pelo cálculo anterior, que considerava uma estimativa
mais baixa do PIB, a carga do ano
passado teria sido de 35,68%.
Embora a arrecadação bruta tenha
passado nesses dois anos de R$ 478
bilhões para R$ 542 bilhões, o resultado final, descontada a inflação, foi
uma queda real de 1,31% -explicável pela contração do mercado interno no período.
O pequeno alívio da carga tributária em 2003 é uma boa notícia, mas
não representa uma inversão da trajetória de aumento. O próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci, prevê nova alta neste ano -causada
principalmente pelas mudanças introduzidas no regime de arrecadação
do PIS-Cofins.
De todo modo, as seguidas elevações tendem ao menos a arrefecer,
pois a carga já se encontra em patamar alto e a sociedade tem emitido
sinais de que sua tolerância chegou
ao limite. As implicações políticas do
aperto tributário levaram o Ministério da Fazenda a anunciar um pequeno "pacote de bondades" -com redução de tributos para alguns segmentos- e a prometer mudanças
no Imposto de Renda.
Embora elogiáveis, essas medidas
não substituem o papel a ser desempenhado por uma reforma tributária
ampla e profunda, que venha a simplificar o atual sistema, tornando-o
ao mesmo tempo menos iníquo e
mais eficaz. A exasperadora complexidade da tributação é um desses males conhecidos por todos cuja solução, no entanto, esbarra em obstáculos políticos -o que tem levado os
governos a tratá-lo de maneira improvisada, parcial e insuficiente.
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