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VALDO CRUZ
Jogo dos 7 mil erros
BRASÍLIA - Se o Palácio do Planalto vencer amanhã a batalha da
CPMF, o que não é improvável, restará provado que o dono da caneta
presidencial, a que nomeia e libera
verbas, só perde votação importante se assim desejar.
Afinal, a história da negociação
do imposto do cheque no governo
Lula foi uma sucessão de erros e
trapalhadas do início ao fim.
1) O governo dormiu no ponto e
demorou a começar as negociações
com o Congresso. Quando acordou,
o prazo era exíguo.
2) Depois, achou-se forte demais
e enfrentou seus aliados na Câmara. Quis barrar a nomeação do peemedebista Luiz Paulo Conde para
Furnas. Teve de recuar para fazer
sua proposta andar.
3) No Senado, os equívocos se repetiram. No mesmo dia em que governistas acertavam com a oposição negociar a sobrevida do imposto do cheque, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) ameaçava aumentar impostos.
4) Depois, o governo inventou de
negociar publicamente com os tucanos sem ter certeza de que teria
sucesso. Não seguiu o velho conselho mineiro de sentar para negociar
só depois de tudo combinado antes.
Deu tudo errado.
5) Aí, a turma do petista descobriu que havia esquecido de sua
própria base ao negociar primeiro
com a oposição. Era tarde. Uma
penca de aliados se rebelou.
6) Lula só entrou na negociação
na curva final. Até então, achava
que tudo daria certo simplesmente
por se considerar do lado do bem. E
a oposição, do mal.
7) Por fim, enquanto seus líderes
buscavam a oposição, já num sinal
de desespero, eis que Lula decide
defenestrá-la a cinco dias da votação. Provocou ira nos tucanos e
choro nos governistas.
E tem mais. Basta procurar. Sorte
do presidente Lula ter mais três
anos pela frente e surfar numa fase
de boa avaliação. Quem terá peito
de ficar no sereno esse tempo todo,
sem as benesses dos cofres públicos? Amanhã saberemos.
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