São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O necessário ambiente de negócios DANIEL FEFFER
O Brasil tem sido motivo de análises e elogios pela forma como superou a crise que se instalou no mundo a partir do final de 2007. Para 2010, espera-se um crescimento do PIB de 7%, uma das melhores marcas mundiais. Houve também aumento expressivo da presença de classes historicamente menos favorecidas na economia de consumo e melhoria da qualidade de vida de milhões de brasileiros. A oferta de crédito atingiu níveis recordes. Mas o índice de inadimplência aumentou e se mantém na casa de dois dígitos há meses. O maior risco ainda é assumir prestações que caibam no salário sem considerar a evolução da dívida. Crescimento do emprego formal e de salários têm mantido o endividamento em nível aceitável, mas pode haver dificuldades em um cenário menos favorável. Com a valorização do real, o Brasil se tornou caro e perdeu competitividade. O crescimento das importações e dos gastos no exterior pode fazer com que o deficit em conta corrente do país se eleve. Desse modo, estamos gerando empregos em outros lugares e desestimulando investimentos produtivos aqui. Não podemos desperdiçar os esforços e os resultados já obtidos. É preciso assegurar as condições para manutenção de taxas de expansão altas e sustentadas por longos períodos. Temos que criar bases sólidas, que garantam segurança para mais e melhores investimentos. Marcos regulatórios claros e formais favorecerão a produção nacional sem pressões inflacionárias. Hoje, nossa poupança interna gira em torno de 16% do PIB, enquanto o ideal para assegurar crescimento superior a 5% ao ano, sem o risco de desequilíbrios perigosos nas contas, seria algo entre 25% e 30%. Isso e a contínua expansão fiscal aumentam a taxa Selic. Com nossa altíssima carga de impostos, o resultado é a redução da velocidade do crescimento. É decisivo construir um ambiente de negócios que contemple melhoria em educação, realização das reformas fiscal e tributária, ampliação e facilitação de acesso a crédito de longo prazo com custos competitivos, implantação de uma ampla reforma política e efetiva liberdade de imprensa. Temos que preparar melhor os profissionais, perseguir a desoneração de exportações e estimular os investimentos e a geração de empregos. A adoção, pelos governos, de programas gerenciais semelhantes aos do setor privado, com metas, estratégias e prestação de contas, garantirá a eficiência. Para reduzir de fato o custo Brasil, deve-se investir em infraestrutura, com alocações de verbas bem selecionadas e só aplicadas em projetos multiplicadores em regiões estratégicas. Este artigo, que respeita os avanços do governo Lula e que deseja sucesso à presidente eleita, Dilma Rousseff, visa contribuir para um ambiente de negócios estimulante e que permita gerar mais renda e reduzir efetivamente a pobreza. Toda a sociedade deve se mobilizar para construir uma economia sólida, pujante e sustentável, promovida por valores básicos e cidadãos que respeitem as regras e o próximo. Só assim alcançaremos um progresso duradouro. DANIEL FEFFER é vice-presidente corporativo da Suzano Holding. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Roxana Saberi: Poder e responsabilidade, Brasil e Irã Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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