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CLÓVIS ROSSI
Um PAC com a grife Harvard
SÃO PAULO - Lawrence Summers, secretário do Tesouro em
parte dos dourados anos Clinton e
que foi presidente da mitológica
Universidade Harvard até julho, está descobrindo o que alguns jurássicos da contracorrente dizíamos já
faz algum tempo.
Summers, enquanto estava no
governo e os Estados Unidos nadavam em um ciclo sem precedentes
de prosperidade, tinha a tese, não
de todo despropositada, de que,
quando a maré sobe, "todos os barcos sobem juntos".
Agora, "só os iates" o fazem, conforme texto publicado pelo jornal
francês "Le Monde". "Iates", no caso, é sinônimo do que Elio Gaspari
chama de "andar de cima".
As características do fenômeno
são mais ou menos conhecidas: os
salários dos menos qualificados
caem, a classe média fica estagnada,
aumenta a desigualdade. "Essa evolução é o problema mais grave dos
países desenvolvidos", acha Summers agora.
Como o Brasil tem um problema
ainda mais agudo e muito mais antigo de desigualdade, conviria anotar as sugestões de Summers para
enfrentar o problema.
Afinal, muito dificilmente se irá
encontrar uma personalidade que
seja mais a cara e o espírito do establishment norte-americano e global do que ele.
Não pode ser acusado de esquerdista, populista, "bolivariano", enfim, nenhum dos rótulos hoje usados para fugir do debate desqualificando o debatedor.
São quatro: instaurar ou restaurar taxações progressivas da renda
(é difícil, avisa, mas necessário); reduzir o vínculo entre proteção social e emprego, de modo a evitar
que quem for demitido perca também o seguro-saúde; um esforço
maciço de formação; investir pesadamente em pólos de competitividade e excelência, os "Silicon Valleys do futuro".
Com as inevitáveis adaptações,
dá um bom PAC, não?
crossi@uol.com.br
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