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FERNANDO RODRIGUES
O desafio do corregedor
BRASÍLIA - Prevaleceu o cinismo
ontem na reunião da cúpula da Câmara na qual foi selado o acordão
para abafar o castelogate. O deputado Edmar Moreira (DEM-MG)
continua sumido depois de ter renunciado ao cargo de corregedor.
Não será investigado, muito menos
punido. Para o seu lugar, o Democratas indicou um de seus caciques,
Antonio Carlos Magalhães Neto.
Nenhuma medida moralizadora
foi adotada. A maior evidência da
inoperância dos deputados foi a decisão de criar uma comissão para
estudar propostas sobre como deve
atuar a corregedoria -o atalho mais
eficaz para o nada.
Por justiça, é necessário registrar
a intervenção do líder do PSOL,
Ivan Valente (SP). Ele propôs a divulgação de todas as notas fiscais
apresentadas por deputados para
justificar o uso dos R$ 15 mil mensais a que têm direito.
No momento inicial, "foi um silêncio sepulcral", diz Valente. Em
seguida, PSDB e PPS manifestaram-se a favor -talvez por serem
de oposição. Nada se poderia esperar da ala chapa-branca composta
por PT, PMDB e outros. Mas o emudecimento do DEM chamou a atenção e já é um desafio para ACM
Neto.
Tome-se o caso do ex-corregedor.
Edmar Moreira fez fortuna com
empresas de segurança. No ano
passado, uma coincidência: apresentou notas fiscais no valor total
de R$ 140 mil por conta de "serviço
de segurança". A Câmara está moralmente obrigada a mostrar essas
notas fiscais do deputado.
Se for confirmado hoje como corregedor pelo plenário da Câmara,
ACM Neto pode começar com o pé
direito. Basta defender a imediata
liberação de todas as notas fiscais
apresentadas por Edmar Moreira e
pelos outros 512 deputados. Se fizer
menos do que isso, será apenas
mais um a perpetuar o corporativismo do Congresso. É uma decisão difícil. Daquelas que diferenciam os
bons e os maus políticos.
frodriguesbsb@uol.com.br
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