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KENNETH MAXWELL
Verdade e consequências
O PARLAMENTO britânico
tem muito de positivo. Por
exemplo, uma história longa e honrada de governo representativo. Mas, no ano passado, a reputação dos parlamentares foi severamente maculada.
Na sexta-feira passada, as revelações sobre o uso indevido de verbas
de representação culminaram com
o indiciamento criminal de três
parlamentares trabalhistas, acusados pela promotoria. Caso condenados por violação ao "Theft Act",
de 1968, podem enfrentar sentenças de prisão de até sete anos.
Entre os três parlamentares acusados está um ex-ministro do governo, Elliot Morley, do Partido
Trabalhista, parlamentar por
Scunthorpe. Entre 2004 e 2007,
Morley solicitou desonestamente
30.438 para cobrir "despesas
com segunda moradia" em Winterton, uma cidade perto de Scunthorpe, entre as quais 18 meses de
pagamentos atribuídos a juros hipotecários sobre o imóvel depois
que o pagamento deste já havia sido concluído.
David Chaytor, parlamentar por
Bury North, e Jim Devine, parlamentar por Livingston, também
foram suspensos pelo Partido Trabalhista. Na Câmara dos Lordes,
um membro conservador, Paul
White, ou lorde Hanningfield, porta-voz da oposição para assuntos
de transporte, também foi acusado
e suspenso por seu partido. Eles
irão depor em 11 de março diante
do tribunal de Westminster.
As despesas parlamentares auditadas por sir Thomas Legg requeriam que 392 atuais e antigos legisladores, cerca de metade do total
de parlamentares, restituíssem
1,12 milhão. Uma lista completa
de todas as despesas para as quais
os parlamentares pediram ressarcimento pode ser vista no site
www.telegraph.co.uk, do jornal
"Daily Telegraph".
Elliot Morley nega quaisquer delitos e contratou um advogado especialista em direito constitucional que, aparentemente, alegará
que a conduta dele não pode ser
julgada em um tribunal criminal,
evocando um precedente do século
17 que confere privilégios aos parlamentares, como o de serem julgados apenas por seus pares.
O escândalo surgiu quando militares que estavam trabalhando em
tempo parcial no Parlamento para
ganhar dinheiro extra denunciaram o caso ao "Daily Telegraph";
eles estavam indignados porque
seu trabalho envolvia processar os
pedidos excessivos de verba apresentados pelos políticos. E o que os
incomodava, acima de tudo, era o
equipamento inferior que as Forças Armadas britânicas se viam
forçadas a empregar no Afeganistão. A ação deles revelou uma história de extraordinária arrogância
e abuso.
Mas, neste caso, felizmente, a verdade teve consequências.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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