São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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O NOVO RITMO CAMBIAL

Felizmente o governo parece cada vez mais distante não apenas de soluções como a dolarização, mas de uma inaceitável flutuação totalmente livre da taxa de câmbio.
Destaca-se a opção pela queda gradual do dólar. Busca-se tanto reverter a desvalorização excessiva quanto evitar a valorização abrupta do real.
Como a credibilidade do país entre os investidores internacionais continua abalada, uma injeção imediata de volumes expressivos de dólares, derrubando a sua cotação, poderia reintroduzir o artificialismo, que seria tão insustentável quanto a política anterior de âncora cambial.
Mas, ao mesmo tempo o BC finalmente abandonou a absurda atitude de deixar de intervir no mercado, como se toda e qualquer venda de dólares viesse a ser interpretada como perda insustentável de reservas.
Nem liberação total nem reversão artificial, o novo regime cambial parece primar pelo gradualismo.
É um regime oportuno também porque torna mais rentáveis as operações de exportadores e investidores externos. Adiar exportações significa receber menos, em reais, por elas. Nos investimentos, significaria converter dólares por menos reais.
Em suma, nos próximos três meses, fase crucial, o governo tenta garantir o máximo de rentabilidade a exportadores e investidores externos, o que favorece a recuperação das reservas internacionais.
Claro que também há riscos nesse gradualismo. Quanto mais lenta a recuperação do real, maiores as pressões inflacionárias e por reindexação. Quanto mais lenta a redução dos juros, maiores a recessão e as despesas financeiras do governo.
Se o gradualismo de fato funcionar, a partir do terceiro trimestre o governo poderia intervir com mais desenvoltura no mercado, derrubando mais o dólar e as taxas de juros.
Supondo-se que não haja novos choques no cenário internacional, a superação da tormenta depende fortemente de uma delicada sintonia fina por parte do Banco Central.


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