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MENOS CESARIANAS
Comparada ao total de partos nos
hospitais do sistema público de saúde, a porcentagem de cesarianas registra pela primeira vez nesta década
uma queda significativa. No ano passado, 27,7% dos partos foram por
cesária, já bem menos que os 32,5%
registrados em 1997. São números
do Ministério da Saúde, ontem reproduzidos pela Folha.
A tendência, caso prossiga, colocaria o Brasil em patamares mais próximos daqueles reconhecidos internacionalmente como toleráveis. A OMS
(Organização Mundial da Saúde)
considera normal que as cesarianas
ocorram em até 15% dos nascimentos, mas defende que acima dos 7%
os prejuízos clínicos passam a ser
maiores que os benefícios.
De fato, as cesarianas têm vários inconvenientes. Aumentam os riscos
de infecção, hemorragia e danos no
sistema urinário e digestivo da parturiente. Devem ser um último recurso,
caso o parto natural ponha em risco a
segurança da mãe ou da criança.
A queda registrada no curto período
de um ano foi estimulada pela decisão do Ministério da Saúde de impor
um limite altamente indulgente
(40%), a partir do qual passaria a remunerar como parto natural as cesarianas praticadas em hospitais da rede credenciada pelo SUS (Sistema
Único de Saúde).
Isso na suposição de que o hospital
privilegia a cesária porque, por cada
uma delas, recebe R$ 293,84, enquanto pelo parto natural o repasse é
menor, especificamente R$ 190,19.
Assim, criou-se no Brasil uma espécie da indústria da cesariana, abastecida pela necessidade de as maternidades aumentarem suas receitas e,
ao mesmo tempo, pela crença, não
necessariamente correta, de que essa
cirurgia seria fisicamente menos
traumática para a mãe.
Por decisão acertada das autoridades federais, o número de cesárias
recuou. É preciso mais para que a incidência da cesariana, estimulada pela conveniência de médicos e desinformação de mães, seja mantida em
limites aceitáveis.
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