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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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PREPARATIVOS DE GUERRA

A atividade diplomática internacional poucas vezes foi tão intensa. Enquanto o presidente George W. Bush telefona para líderes de países com voto no Conselho de Segurança (CS), prometendo-lhes vantagens financeiras caso apóiem a proposta de ultimato contra o Iraque, o chanceler francês, Dominique de Villepin, viajou à África para tentar convencer as três nações do continente com assento no CS a dar mais tempo para as inspeções. Também oferece facilidades econômicas.
Apesar da pressão norte-americana, a Rússia e a França disseram ontem que vetariam a proposta. Até a China sugeriu que poderia colocar-se contra Washington. O Paquistão, um aliado-chave dos EUA, está a um passo de declarar que não votará a favor da guerra, devendo abster-se.
Ao que tudo indica, os EUA e seus aliados não conseguirão os nove votos necessários para deixar à França, à Rússia e/ou à China o ônus de vetar a resolução. A crer em relatos divulgados na imprensa, o Reino Unido já estaria negociando novas modificações na proposta para obter o apoio de mais alguns países.
O premiê britânico, Tony Blair, mais do que Bush, precisa de algo semelhante a um aval da ONU para lançar-se numa expedição militar contra Bagdá. Além de sólida oposição popular ao conflito, Blair enfrenta a ameaça de vários membros do governo trabalhista de renunciar a seus cargos, caso o país vá à guerra sem a chancela das Nações Unidas.
Para além da ONU, os preparativos para o confronto continuam. Há informações de que tropas iraquianas estariam colocando explosivos em poços de petróleo para detoná-los no caso de uma invasão. Os EUA, num gesto que não deve aumentar sua popularidade, abriram concorrência para contratar empreiteiras para a reconstrução do Iraque.
Apesar do crescente isolamento de Washington e seus aliados, tudo sugere que só um milagre agora poderia impedir a guerra que parece ser a mais insensata dos últimos tempos.


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