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PREPARATIVOS DE GUERRA
A atividade diplomática internacional poucas vezes foi tão
intensa. Enquanto o presidente
George W. Bush telefona para líderes
de países com voto no Conselho de
Segurança (CS), prometendo-lhes
vantagens financeiras caso apóiem a
proposta de ultimato contra o Iraque, o chanceler francês, Dominique
de Villepin, viajou à África para tentar
convencer as três nações do continente com assento no CS a dar mais
tempo para as inspeções. Também
oferece facilidades econômicas.
Apesar da pressão norte-americana, a Rússia e a França disseram ontem que vetariam a proposta. Até a
China sugeriu que poderia colocar-se contra Washington. O Paquistão,
um aliado-chave dos EUA, está a um
passo de declarar que não votará a favor da guerra, devendo abster-se.
Ao que tudo indica, os EUA e seus
aliados não conseguirão os nove votos necessários para deixar à França,
à Rússia e/ou à China o ônus de vetar
a resolução. A crer em relatos divulgados na imprensa, o Reino Unido já
estaria negociando novas modificações na proposta para obter o apoio
de mais alguns países.
O premiê britânico, Tony Blair,
mais do que Bush, precisa de algo semelhante a um aval da ONU para
lançar-se numa expedição militar
contra Bagdá. Além de sólida oposição popular ao conflito, Blair enfrenta a ameaça de vários membros do
governo trabalhista de renunciar a
seus cargos, caso o país vá à guerra
sem a chancela das Nações Unidas.
Para além da ONU, os preparativos
para o confronto continuam. Há informações de que tropas iraquianas
estariam colocando explosivos em
poços de petróleo para detoná-los no
caso de uma invasão. Os EUA, num
gesto que não deve aumentar sua popularidade, abriram concorrência
para contratar empreiteiras para a reconstrução do Iraque.
Apesar do crescente isolamento de
Washington e seus aliados, tudo sugere que só um milagre agora poderia impedir a guerra que parece ser a
mais insensata dos últimos tempos.
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