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ELIANE CANTANHÊDE
Prefeitáveis
BRASÍLIA - O governo Lula co-patrocina a marcha de prefeitos a Brasília
e senta seis ministros à mesa com eles
de hoje até sexta-feira. Põe, assim,
um pé no movimento. Ou seja, repete
com prefeitos a mesma tática que
usou com MST e governadores: a de
alinhamento -ou cooptação.
O tema dominante de encontros
desse tipo é sempre grana. Os prefeitos chegam a Brasília para chorar
miséria e passar o pires. E o governo
federal, todo sorrisos, diz que reconhece a legitimidade dos pleitos, mas
que grana, infelizmente, não há.
Desta vez, com um governo PT e
com PSDB e PFL na oposição, podem
surgir novidades, como propostas
concretas para temas urgentes, como
violência. Exemplos:
1 - Luiz Paulo Vellozo Lucas
(PSDB), prefeito de Vitória e coordenador da Frente Nacional de Prefeitos, propõe um Susp, repetindo contra a violência a estrutura e do processo do SUS, da saúde. Ao governo
federal caberia coordenar, orientar,
fiscalizar e auditar. Aos Estados e
municípios, a operação mais direta.
2 - Salomão Gadelha (PFL), de Sousa (PB), quer que o Fome Zero, em
vez de sair do nada, embarque no
Programa de Saúde da Família
-aliás, do mesmo SUS. A estrutura
está pronta, as equipes, montadas, os
cadastros, prontos. Mão na roda.
União e municípios têm alguns interesses comuns, mas muitos divergentes. O que está mudando? As duas
pontas. Não só o governo petista quer
se colocar dentro dos movimentos como a qualidade e os objetivos da oposição são outros.
Ao contrário dos petistas quando
eram oposição, os prefeitos de oposição de hoje não devem se contentar
apenas em criticar, cobrar, provocar.
Prometem buscar a racionalidade.
O governo petista querer calar a
oposição e a oposição eximir-se do
seu papel não pode. Mas discutir
pautas comuns, e não só trocar acusações, pode. E deve.
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