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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Prefeitáveis

BRASÍLIA - O governo Lula co-patrocina a marcha de prefeitos a Brasília e senta seis ministros à mesa com eles de hoje até sexta-feira. Põe, assim, um pé no movimento. Ou seja, repete com prefeitos a mesma tática que usou com MST e governadores: a de alinhamento -ou cooptação.
O tema dominante de encontros desse tipo é sempre grana. Os prefeitos chegam a Brasília para chorar miséria e passar o pires. E o governo federal, todo sorrisos, diz que reconhece a legitimidade dos pleitos, mas que grana, infelizmente, não há.
Desta vez, com um governo PT e com PSDB e PFL na oposição, podem surgir novidades, como propostas concretas para temas urgentes, como violência. Exemplos:
1 - Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), prefeito de Vitória e coordenador da Frente Nacional de Prefeitos, propõe um Susp, repetindo contra a violência a estrutura e do processo do SUS, da saúde. Ao governo federal caberia coordenar, orientar, fiscalizar e auditar. Aos Estados e municípios, a operação mais direta.
2 - Salomão Gadelha (PFL), de Sousa (PB), quer que o Fome Zero, em vez de sair do nada, embarque no Programa de Saúde da Família -aliás, do mesmo SUS. A estrutura está pronta, as equipes, montadas, os cadastros, prontos. Mão na roda.
União e municípios têm alguns interesses comuns, mas muitos divergentes. O que está mudando? As duas pontas. Não só o governo petista quer se colocar dentro dos movimentos como a qualidade e os objetivos da oposição são outros.
Ao contrário dos petistas quando eram oposição, os prefeitos de oposição de hoje não devem se contentar apenas em criticar, cobrar, provocar. Prometem buscar a racionalidade.
O governo petista querer calar a oposição e a oposição eximir-se do seu papel não pode. Mas discutir pautas comuns, e não só trocar acusações, pode. E deve.


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