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O destino da reforma
ALGUMAS DAS mais graves
distorções tributárias do
país dizem respeito ao Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Arrecadado pelos Estados, o imposto responde, individualmente, pelo maior quinhão na asfixiante carga tributária nacional.
A receita do ICMS, em sua
maior fatia, fica nos cofres do Estado em que os bens ou serviços
são produzidos. As alíquotas divergem bastante entre produtos
e Estados -e são em média elevadas, estimulando a informalidade e a sonegação. Há dificuldades para a desoneração dos investimentos e das exportações.
A pior conseqüência do sistema, no entanto, é a "guerra fiscal" entre Estados, que se engalfinham em disputa por investimentos. Concedem isenções e
abatimentos à custa da já escassa
racionalidade do modelo.
Diante desse quadro negativo,
é saudável que mudanças profundas no ICMS estejam na proposta de reforma tributária que o
Planalto apresentou aos governadores na semana passada.
As diretrizes estão em pauta
desde o governo FHC, mas não
prosperaram devido a desavenças políticas. Os governadores
dos Estados menos industrializados temem perder meios de
atrair empresas. Na outra ponta,
os mais desenvolvidos relutam
em abrir mão de receitas -decorrência direta, a curto prazo,
da transição proposta para um
sistema em que a arrecadação se
concentraria nos Estados onde
os produtos são consumidos.
É significativo, portanto, que o
governador de São Paulo, José
Serra, tenha afirmado aceitar
discutir as mudanças, tendo em
vista os ganhos de longo prazo
que o fim da guerra fiscal tenderia a propiciar ao Estado.
Para obter adesão dos Estados
menos desenvolvidos -e para
suprir a lacuna que abriu caminho à guerra fiscal-, caberia associar ao debate acerca da reforma do ICMS a discussão de uma
política nacional de estímulo ao
investimento nessas regiões.
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