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CLÓVIS ROSSI
Legislação x ação
SÃO PAULO - Tem toda razão esta
Folha em elogiar, em editorial de
ontem, as iniciativas já votadas no
Congresso para tentar combater a
criminalidade.
Confesso até que me surpreende
a rapidez com que foram tomadas
decisões, acostumado que estava a
ver o Parlamento discutir e ser rápido apenas em assuntos que interessam exclusivamente ao próprio
mundo político.
Não que os parlamentares tenham ficado desatentos a seus apetites (no mundo moderno já não se
fazem milagres). Apenas conseguiram conciliar as duas coisas.
Mas não adianta muito mexer na
legislação se não se mexer também
na ação (no caso, dos demais Poderes públicos).
Como ressalta o editorial, é "incrível" que o uso de celulares por
delinqüentes condenados tenha se
arrastado por tanto tempo sem receber nenhum tipo de punição. Nada garante que, agora que o Congresso classifica a anomalia como
"falta grave", com os devidos castigos, os agentes penitenciários se
disponham a e/ou consigam calar
as centrais telefônicas instaladas
em presídios.
Tampouco o endurecimento de
penas será eficaz se a polícia não
consegue chegar ao estágio anterior, que é o de prender e manter
presos quem comete crimes.
O caso de Fabrício Vieira Barbosa, ontem relatado pela Folha, é,
aliás, emblemático.
Foragido da Justiça, Fabrício "foi
preso duas vezes no mesmo dia, em
Panorama (687 km de SP), mas
conseguiu fugir de dentro do carro
da PM e, depois, da delegacia".
Parece piada, mas é um retrato
da realidade brasileira. Deveria estar preso, mas não estava. Localizado e preso, foge uma e duas vezes.
Só reforça a sensação de que o
problema da violência/criminalidade no Brasil depende da legislação, sim, mas depende tanto quanto ou até mais da atuação eficaz do
aparelho policial.
crossi@uol.com.br
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