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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
PIB e crescimento
UM ESTUDO muito rico acaba de ser publicado pelo
Banco Mundial: "How to revitalize infrastructure investments
in Brazil" (Washington, 2007).
O trabalho indica que a melhoria
da infra-estrutura tem um impacto
fantástico para o crescimento do
Produto Interno Bruto. Para muitas áreas desse setor, um aumento
de 1% nos investimentos em infra-estrutura produz um crescimento
de 1% no PIB. Nos subsetores de
eletricidade e transporte, o crescimento é ainda maior.
Na média, um aumento de investimento de 1% produz um crescimento do PIB de 0,6%. São retornos enormes.
Além disso, a melhoria da infra-estrutura traz benefícios sociais
valiosos. Os investimentos em
água e saneamento, por exemplo,
reduzem as doenças e, por conseqüência, diminuem o absenteísmo,
a repetência e a evasão escolares. O
mesmo acontece com a habitação e
o transporte.
A redução das obras em infra-estrutura dos anos 90, por exemplo,
provou uma diminuição do PIB
brasileiro de longo prazo de 3% ao
ano! É um estrago preocupante.
O investimento atual na infra-estrutura é de apenas 1% do PIB,
quando o mínimo para o Brasil
crescer 5% ao ano deveria ser de
3,2%. Na opinião dos autores daquele estudo, isso só pode ser conseguido com uma forte participação do setor privado, porque os governos não têm recursos.
Para o setor privado investir
mais nesse setor, o que falta não
são recursos, e sim interesse.
E por que não há interesse? Simplesmente porque a segurança jurídica é insuficiente e a burocracia
é excessiva para que se entre em
obras que demoram para ser construídas e demoram mais ainda para
apresentar resultado positivo.
O declínio dos investimentos
brasileiros privados nesse setor foi
o dobro do que ocorreu na América
Latina.
No Chile, cita o estudo, a redução
dos investimentos públicos foi inteiramente compensada com a ampliação dos investimentos privados, o que não ocorreu no Brasil.
Ademais, a maior parte dos investimentos privados em nossa infra-estrutura nos últimos anos concentrou-se na compra de empresas
estatais, e não na expansão efetiva
da malha de usinas, portos, estradas, saneamento etc.
Os prejuízos da inação atual são
enormes. O Brasil precisa organizar suas instituições de modo a
transformar os problemas de infra-estrutura em oportunidades de
bons negócios e, com isso, atrair
grandes massas de investidores nacionais e estrangeiros.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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