São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

PIB e crescimento

UM ESTUDO muito rico acaba de ser publicado pelo Banco Mundial: "How to revitalize infrastructure investments in Brazil" (Washington, 2007).
O trabalho indica que a melhoria da infra-estrutura tem um impacto fantástico para o crescimento do Produto Interno Bruto. Para muitas áreas desse setor, um aumento de 1% nos investimentos em infra-estrutura produz um crescimento de 1% no PIB. Nos subsetores de eletricidade e transporte, o crescimento é ainda maior.
Na média, um aumento de investimento de 1% produz um crescimento do PIB de 0,6%. São retornos enormes. Além disso, a melhoria da infra-estrutura traz benefícios sociais valiosos. Os investimentos em água e saneamento, por exemplo, reduzem as doenças e, por conseqüência, diminuem o absenteísmo, a repetência e a evasão escolares. O mesmo acontece com a habitação e o transporte.
A redução das obras em infra-estrutura dos anos 90, por exemplo, provou uma diminuição do PIB brasileiro de longo prazo de 3% ao ano! É um estrago preocupante.
O investimento atual na infra-estrutura é de apenas 1% do PIB, quando o mínimo para o Brasil crescer 5% ao ano deveria ser de 3,2%. Na opinião dos autores daquele estudo, isso só pode ser conseguido com uma forte participação do setor privado, porque os governos não têm recursos.
Para o setor privado investir mais nesse setor, o que falta não são recursos, e sim interesse.
E por que não há interesse? Simplesmente porque a segurança jurídica é insuficiente e a burocracia é excessiva para que se entre em obras que demoram para ser construídas e demoram mais ainda para apresentar resultado positivo.
O declínio dos investimentos brasileiros privados nesse setor foi o dobro do que ocorreu na América Latina.
No Chile, cita o estudo, a redução dos investimentos públicos foi inteiramente compensada com a ampliação dos investimentos privados, o que não ocorreu no Brasil.
Ademais, a maior parte dos investimentos privados em nossa infra-estrutura nos últimos anos concentrou-se na compra de empresas estatais, e não na expansão efetiva da malha de usinas, portos, estradas, saneamento etc.
Os prejuízos da inação atual são enormes. O Brasil precisa organizar suas instituições de modo a transformar os problemas de infra-estrutura em oportunidades de bons negócios e, com isso, atrair grandes massas de investidores nacionais e estrangeiros.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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