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Dilema monetário
Com dólar em baixa e preços domésticos em alta, emergentes têm de escolher entre combater inflação ou especulação
OS CINCO movimentos
de redução nos juros
básicos americanos, de
5,25% ao ano em setembro para 3% em janeiro, têm
limitado as alternativas dos bancos centrais asiáticos e europeus
para conter pressões inflacionárias, decorrentes dos aumentos
nos preços dos alimentos e da
energia. Em mais um dia de turbulência nas principais Bolsas
mundiais, o preço do petróleo
atingiu ontem US$ 108 o barril.
Apenas em fevereiro, a commodity subiu 37,5% na comparação
com o segundo mês de 2007.
Com a disparada no custo da
energia, os preços ao consumidor nas dez maiores economias
asiáticas (excluído o Japão) crescem a um ritmo anual de 5,3%.
Em janeiro, o índice de preços ao
produtor subiu 4,9% na área do
euro e 5,8% na União Européia
como um todo.
Cresce a diferença entre os juros praticados nos Estados Unidos e os vigentes nas outras regiões do mundo, o que gera uma
caudalosa corrente de dinheiro
que sai do mercado americano à
procura de aplicações mais rentáveis. O fenômeno valoriza
moedas e outros ativos financeiros, semeando bolhas especulativas por onde passa. Se um país
eleva os seus juros básicos para
combater a inflação, atrai mais
capital financeiro.
A China está no meio desse
turbilhão. O índice de preços ao
produtor subiu 6,6% em fevereiro, na comparação anual, o ritmo
mais acelerado em três anos. Durante 2007, o BC chinês aumentou os juros seis vezes, para
7,47% ao ano. Por outro lado, o
yuan valorizou-se cerca de 15%
ante o dólar desde julho de 2005,
quando a moeda chinesa começou a flutuar em relação a uma
cesta de moedas. Para conter as
pressões inflacionárias, alguns
países passam a controlar preços
de alimentos e de energia.
Simultaneamente, amplia-se o
custo fiscal da acumulação de reservas internacionais e das políticas para segurar a valorização
das taxas de câmbio. Os bancos
centrais asiáticos detêm US$ 4
trilhões em reservas, e grande
parte desse montante está aplicada em títulos do Tesouro americano. Os juros recebidos nas
aplicações externas são menores
do que os pagos nos títulos domésticos, emitidos para retirar
moeda nacional de circulação.
Estima-se que nove bancos
centrais asiáticos tenham perdido US$ 160 bilhões, desde julho
de 2006. Sozinho, o BC chinês
perde US$ 4 bilhões por mês. Nada disso, contudo, diminui a voracidade dos aplicadores globais,
que continuam despejando caminhões de dinheiro nas economias emergentes.
Nesse cenário, fica cada vez
mais difícil, para os emergentes,
definir o rumo da política monetária. Se reduzem os juros, alimentam a inflação; se os aumentam, atiçam a especulação que infla a cotação de suas moedas.
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