São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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A regra é não contrariar

DE OLHO em dividendos eleitorais, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desperdiçou uma excelente oportunidade de fazer a educação paulistana avançar.
Poucos contestarão a justiça do reajuste de 20% que o prefeito pretende conceder a professores e funcionários da rede municipal que já estejam aposentados ou tenham sido readaptados, bem como para pensionistas. Ao contrário dos ativos, que tiveram aumentos por meio de gratificações, esse contingente está já há seis anos sem nenhuma espécie de correção salarial.
Para valer ainda este ano, a proposta de Kassab precisa ser aprovada pela Câmara até 8 de abril. Depois dessa data, aumentos a servidores ficam vedados por força da Lei Eleitoral.
O problema é que o prefeito deveria ter aproveitado esse raro momento de distensão com os sindicatos para fazer avançar outros pontos da agenda educacional. Não faltam casos de medidas importantes que não prosperam por pressão das guildas.
É incrível, por exemplo, que a prefeitura não tenha levado adiante a idéia de tornar públicos os resultados obtidos em cada escola na Prova São Paulo, o teste padronizado de avaliação aplicado no final do ano passado. A publicação do desempenho de cada unidade permitiria a pais cobrar melhoras de diretores e professores. Os sindicatos são contra. Preferem apostar no pacto da mediocridade.
Também parece incrível que a prefeitura não tenha apresentado nenhuma proposta para premiar escolas e professores que obtêm melhores resultados pedagógicos. É fácil entender por que os sindicatos se opõem a mudanças no sistema de bonificação. É incompreensível, porém, que as discussões que se travavam no âmbito interno do Executivo tenham sido paralisadas.
A sensação que fica é a de que Kassab, repetindo a fórmula de 99% dos políticos, procura não contrariar nenhum interesse em ano eleitoral. Não se exige do prefeito que trabalhe contra sua própria candidatura, mas a educação paulistana ganharia bastante se a administração tivesse a coragem de defender as suas próprias idéias.


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