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A regra é não contrariar
DE OLHO em dividendos
eleitorais, o prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab, desperdiçou uma excelente
oportunidade de fazer a educação paulistana avançar.
Poucos contestarão a justiça
do reajuste de 20% que o prefeito pretende conceder a professores e funcionários da rede municipal que já estejam aposentados
ou tenham sido readaptados,
bem como para pensionistas. Ao
contrário dos ativos, que tiveram
aumentos por meio de gratificações, esse contingente está já há
seis anos sem nenhuma espécie
de correção salarial.
Para valer ainda este ano, a
proposta de Kassab precisa ser
aprovada pela Câmara até 8 de
abril. Depois dessa data, aumentos a servidores ficam vedados
por força da Lei Eleitoral.
O problema é que o prefeito
deveria ter aproveitado esse raro
momento de distensão com os
sindicatos para fazer avançar outros pontos da agenda educacional. Não faltam casos de medidas
importantes que não prosperam
por pressão das guildas.
É incrível, por exemplo, que a
prefeitura não tenha levado
adiante a idéia de tornar públicos os resultados obtidos em cada escola na Prova São Paulo, o
teste padronizado de avaliação
aplicado no final do ano passado.
A publicação do desempenho de
cada unidade permitiria a pais
cobrar melhoras de diretores e
professores. Os sindicatos são
contra. Preferem apostar no pacto da mediocridade.
Também parece incrível que a
prefeitura não tenha apresentado nenhuma proposta para premiar escolas e professores que
obtêm melhores resultados pedagógicos. É fácil entender por
que os sindicatos se opõem a mudanças no sistema de bonificação. É incompreensível, porém,
que as discussões que se travavam no âmbito interno do Executivo tenham sido paralisadas.
A sensação que fica é a de que
Kassab, repetindo a fórmula de
99% dos políticos, procura não
contrariar nenhum interesse em
ano eleitoral. Não se exige do
prefeito que trabalhe contra sua
própria candidatura, mas a educação paulistana ganharia bastante se a administração tivesse
a coragem de defender as suas
próprias idéias.
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