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MARCOS NOBRE
Vinte anos
de poder
O SEGUNDO turno presidencial de 2010 já começou. Os
dois candidatos mais fortes
estão no mesmo partido. O governo não tem candidato de destaque.
Lula é popular, mas não tem sucessor nem está preocupado em
ter. Dilma Rousseff é sua candidata
ideal porque é desconhecida ("não
é política", como se diz), fará boa figura e defenderá o governo.
A disputa no PSDB parece hoje
decidida. O fato de Aécio Neves ter
colocado a banda na rua nos últimos tempos significa que ele próprio avalia não ter mais chance de
ser o indicado do partido para disputar a Presidência.
As ações concertadas de Aécio
com Geraldo Alckmin acabam
quando o interesse dos paulistas
fala mais alto. E aos tucanos paulistas interessa abrir a vaga de candidato a governador, posição que
ocupam desde 1994. Para isso,
Serra tem de ser o candidato a presidente.
No PSDB, Aécio está restrito a
Tasso Jereissati, o que significa
que está completamente isolado.
Na relação com o PT, além do prefeito de Belo Horizonte, conseguiu
atrair apenas Aloizio Mercadante,
outro isolado. O DEM não dá um
único passo na sua direção, ao mesmo tempo em que chega a ameaçar
até uma aliança com Ciro Gomes.
O DEM está condenado ao PSDB. A
Serra, portanto.
Dos quatro grandes partidos sobra apenas o PMDB, como sempre.
Apesar de toda a movimentação
para ocupar a posição de vice em
alguma (qualquer uma) das candidaturas, o histórico fala contra. A
candidatura de Rita Camata como
vice de Serra em 2002 foi um desastre de grandes proporções. Um
candidato a vice não é suficiente
para unir o PMDB.
Nas atuais circunstâncias, Aécio
não tem nada a perder indo para o
PMDB, mesmo com o "risco Itamar". Itamar Franco foi para o
PMDB com a promessa de ser o
candidato a presidente em 1998.
Foi preterido. Mas se elegeu governador de Minas.
Dentro do PSDB, não conseguindo ser candidato a presidente, restará a Aécio apenas a candidatura
ao Senado. Indo para o PMDB, Aécio pode ter exatamente a mesma
coisa e ainda tem a chance de conseguir a indicação para a eleição
presidencial.
Todas as articulações que faz Aécio apontam nesse sentido. Deve se
encontrar hoje com Ciro Gomes.
Mas, neste caso, tratam de aliança
em primeiro turno mesmo: Ciro
seria o melhor candidato a vice a
que Aécio poderia pretender. E pode trazer apoios importantes do
atual bloco governista para o segundo turno.
Sergio Motta, falecido ex-ministro das Comunicações de FHC, disse que o PSDB governaria o país
por 20 anos. Talvez hoje acrescentasse: em qualquer partido e aliança disponível.
MARCOS NOBRE escreve às terças-feiras nesta
coluna.
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