São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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MARCOS NOBRE

Vinte anos de poder

O SEGUNDO turno presidencial de 2010 já começou. Os dois candidatos mais fortes estão no mesmo partido. O governo não tem candidato de destaque. Lula é popular, mas não tem sucessor nem está preocupado em ter. Dilma Rousseff é sua candidata ideal porque é desconhecida ("não é política", como se diz), fará boa figura e defenderá o governo.
A disputa no PSDB parece hoje decidida. O fato de Aécio Neves ter colocado a banda na rua nos últimos tempos significa que ele próprio avalia não ter mais chance de ser o indicado do partido para disputar a Presidência.
As ações concertadas de Aécio com Geraldo Alckmin acabam quando o interesse dos paulistas fala mais alto. E aos tucanos paulistas interessa abrir a vaga de candidato a governador, posição que ocupam desde 1994. Para isso, Serra tem de ser o candidato a presidente.
No PSDB, Aécio está restrito a Tasso Jereissati, o que significa que está completamente isolado.
Na relação com o PT, além do prefeito de Belo Horizonte, conseguiu atrair apenas Aloizio Mercadante, outro isolado. O DEM não dá um único passo na sua direção, ao mesmo tempo em que chega a ameaçar até uma aliança com Ciro Gomes.
O DEM está condenado ao PSDB. A Serra, portanto. Dos quatro grandes partidos sobra apenas o PMDB, como sempre.
Apesar de toda a movimentação para ocupar a posição de vice em alguma (qualquer uma) das candidaturas, o histórico fala contra. A candidatura de Rita Camata como vice de Serra em 2002 foi um desastre de grandes proporções. Um candidato a vice não é suficiente para unir o PMDB.
Nas atuais circunstâncias, Aécio não tem nada a perder indo para o PMDB, mesmo com o "risco Itamar". Itamar Franco foi para o PMDB com a promessa de ser o candidato a presidente em 1998.
Foi preterido. Mas se elegeu governador de Minas. Dentro do PSDB, não conseguindo ser candidato a presidente, restará a Aécio apenas a candidatura ao Senado. Indo para o PMDB, Aécio pode ter exatamente a mesma coisa e ainda tem a chance de conseguir a indicação para a eleição presidencial.
Todas as articulações que faz Aécio apontam nesse sentido. Deve se encontrar hoje com Ciro Gomes. Mas, neste caso, tratam de aliança em primeiro turno mesmo: Ciro seria o melhor candidato a vice a que Aécio poderia pretender. E pode trazer apoios importantes do atual bloco governista para o segundo turno. Sergio Motta, falecido ex-ministro das Comunicações de FHC, disse que o PSDB governaria o país por 20 anos. Talvez hoje acrescentasse: em qualquer partido e aliança disponível.


MARCOS NOBRE escreve às terças-feiras nesta coluna.


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