São Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2009

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FERNANDO RODRIGUES

Lula, o PIB e a história

BRASÍLIA - Lula especializou-se em contrariar previsões desde a sua posse, em janeiro de 2003. Com a forte desaceleração da economia, como mostrou ontem o IBGE, seu desafio agora se tornou um pouco maior. Terá de desautorizar o histórico dos últimos 24 anos de presidentes civis cujas taxas de aprovação ruíram diante de crescimento do PIB próximo de zero.
Toda vez que a economia rumou para a estagnação, a popularidade do presidente de turno fez uma curva idêntica nos anos recentes. O PIB em 1988 teve retração de 0,1%. A taxa de ótimo e bom de José Sarney no Datafolha mergulhou para 8% em dezembro daquele ano.
Collor assumiu com aprovação altíssima em março de 1990. Doze meses depois, em 1991, sua taxa bateu em 23%. O PIB havia caído brutais 4,3% em 1990. Em 1991, houve crescimento vegetativo de 1%.
FHC foi bem enquanto a farra do populismo cambial o sustentou nas alturas. A economia surfou na fantasia eleitoreira de um real valer, às vezes, até mais do que um dólar.
Quando a realidade bateu à porta, o PIB patinou. Só cresceu 1,3% em 2001 e 2,7% em 2002. A aprovação total do tucano flutuou um pouco acima dos 20%. O resto é história conhecida, com a eleição de Lula.
É necessário levar em conta as idiossincrasias de cada época. A inflação era estratosférica com Sarney e Collor. E FHC nunca teve a aprovação estelar de Lula, acima de 70% em todos os institutos.
Um dado sinistro é o fato de Sarney ter sido o único antecessor de Lula (pós-ditadura) a registrar PIBs "chineses": 7,9% em 1985 e 7,5% em 1986. O efeito comparação com o baixo crescimento dos anos seguintes foi devastador. Ele saiu do Planalto com 9% de aprovação.
Tudo somado, nada impede, é claro, Lula de surpreender a todos, permanecendo popular até com a economia no buraco. Mas a história emite sinais diferentes a respeito.

frodriguesbsb@uol.com.br


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