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RUY CASTRO
O caso da coxinha envenenada
RIO DE JANEIRO - Na semana
passada, em Conchal (172 km de
São Paulo), uma mulher serviu um
prato de coxinhas ao marido. Este
salivou profusamente e atacou uma
delas com disposição. Mas, na primeira engolida, sentiu um gosto estranho e comentou que o quitute
não estava nos padrões a que ela o
acostumara. A mulher deu um sorriso amarelo e disse que devia ser a
pimenta-do-reino.
O homem fez "Grmff!" e repassou
as coxinhas a seu cachorro, que o
olhava com ar súplice, debaixo da
mesa. O animal, fraco em etiqueta e
de paladar menos sofisticado, devorou a porção quase de uma bocada.
Ato contínuo, deu um ganido grosso, irreal, como se dublasse a si
mesmo, revirou os olhos e estatelou-se, morto, na sala.
Desconfiado, o marido correu para o pronto-socorro, onde o velho
clister entrou em ação. Diante da
suspeita de envenenamento, a mulher confessou tudo ao delegado.
Tinha desviado R$ 15 mil da conta
de ambos e temia que ele descobrisse. O jeito era matá-lo. Simples assim. Mais um pouco e, por causa de
uma mixaria, a coxinha iria juntar-se à empada que matou o guarda,
em matéria de estigma.
Que eu saiba, nenhuma "mídia
impressa" deu esta notícia. Devem
tê-la achado banal. Fosse um sushi
envenenado, quem sabe. Ou blinis
de caviar. Mas o fato de os jornais
terem esnobado o caso da coxinha
não significa que ele não tenha sido
amplamente divulgado. Em 12 páginas do Google, 150 portais, sites e
blogs, dos mais potentes aos mais
humildes, trataram da história com
a necessária competência.
Alguns deles: Fervendo, Mais Barulho, BlogGlubGlob, Vírgula, iParaíba, Anastácio Notícias, O Que a
Bahia Quer Saber, Sanatório de Notícias, E Agora José? e Minhoca na
Cabeça. É a prova de que, não importa se relevante ou irrelevante,
nada mais passa em branco pela
história.
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