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Política amorfa
Oportunismo do PDB de
Kassab arregimenta apoio e
adeptos; nasce alternativa
tão maleável quanto o PMDB
para aderir ao PT ou ao PSDB
O PDB (Partido da Democracia
Brasileira), cuja criação vem sendo articulada pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), pode
representar a principal novidade
do quadro político-partidário neste ano. Novidade, sim, mas não
necessariamente positiva.
Na fundação do PDB pesa menos o que ele poderia agregar ou
vocalizar em termos programáticos e ideológicos, e mais os interesses dos políticos envolvidos.
Não é simples discernir entre projeto e oportunismo, no conjunto
das legendas brasileiras, mas o
PDB acrescenta o agravante de já
nascer destinado a servir de ponte
para uma futura fusão com o PSB
-o Partido Socialista Brasileiro.
A legenda de Kassab seria, assim, um mero artifício para driblar
a legislação eleitoral. Ela, afinal,
prevê a perda do mandato para
políticos que trocarem de partido.
O DEM, maior vítima da manobra, poderia recorrer à Justiça.
Mas custa acreditar que o PDB venha a ser barrado só com base em
intenções, ainda que as piores. Seria uma arbitrariedade: desde que
atenda aos requisitos legais, o
PDB será tão legítimo -ou tão ilegítimo- quanto a maioria dos
partidos nacionais.
Fala-se agora, diante do mal-estar à volta da nova sigla, que a fusão com o PSB, se ocorrer, viria
apenas depois das eleições municipais de 2012. O PDB lançaria
candidatos próprios ou faria coligações com outros partidos.
Estima-se, hoje, que a legenda
possa ter, de saída, em torno de 25
deputados federais. Deve abrigar,
entre outros, o governador do
Amazonas, Omar Aziz (PMN), o vice-governador da Bahia, Otto
Alencar (PP), e o deputado Irajá
Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu, provável candidato à Prefeitura de Palmas.
O PDB, tudo indica, será o porto
seguro para descontentes, um polo aglutinador da debandada na
oposição e do rearranjo na base do
governo. Partido anfíbio, pragmático no pior sentido, com vocação
governista e os vícios mais comuns da política brasileira.
Se for, de fato, anexado ao PSB,
que tem hoje 31 deputados e seis
governadores sob a liderança de
Eduardo Campos (PE), o novo partido provavelmente terá condições de rivalizar com o PMDB na
condição de sócio preferencial do
PT em 2014. Mas poderá também
se associar aos tucanos, numa
eventual disputa nacional contra
o mesmo PT.
O caráter maleável da nova legenda, à vontade para se acomodar com A ou B, é a expressão acabada de um sistema político amorfo, no qual os interesses pessoais
ou de feudos regionais tendem a
prevalecer sobre reais identidades
partidárias.
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