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Estradas mortais
O balanço trágico de acidentes
nas estradas federais neste Carnaval vem confirmar uma alarmante
tendência de crescimento no número de mortes nas rodovias do
país nos últimos anos.
Houve aumento de 48% no total de vítimas em 2011, em relação
ao mesmo feriado de 2010. Foram
213 mortes em estradas administradas pela União, contra 143 no
mesmo período do ano anterior.
De janeiro a dezembro de 2009,
último ano com dados consolidados, 7.383 pessoas -20 por dia-
perderam a vida nas rodovias federais. Um recorde nos últimos 12
anos. A tendência de alta se manteve no primeiro semestre de 2010,
com 4.068 mortes só até junho.
O crescimento econômico é
apontado como uma das causas
para o aumento no número de acidentes graves. A consequente ampliação da frota e mais motoristas
novatos em circulação multiplicam oportunidades para colisões.
A maior parte das mortes poderia ter sido evitada com melhor fiscalização das estradas, que coibisse o excesso de velocidade e a imprudência. O contrário aconteceu.
Desde 2007, a fiscalização eletrônica das rodovias passou de precária a quase inexistente.
Naquele ano, chegou ao fim o
contrato do governo federal com
as empresas que operavam pouco
mais de 300 das chamadas "lombadas eletrônicas" (radares fixos),
em seguida desativadas. Dados
oficiais indicam redução média de
69% nos acidentes nos trechos onde, por sete anos, funcionou o escasso número de equipamentos.
Para fiscalizar os quase 60 mil
quilômetros de rodovias sob sua
responsabilidade, a gestão de Luiz
Inácio Lula da Silva lançou, com
atraso, licitação para instalar
2.696 aparelhos em todo o país.
Mas disputas na Justiça adiaram a
definição das empresas até o final
de 2010. O governo promete iniciar a instalação dos radares nas
próximas semanas e concluí-la
em dois anos.
A falta de investimentos na manutenção das estradas também
contribui para aumentar a insegurança. O problema atinge até mesmo a parcela da malha federal
concedida à iniciativa privada.
Prazos de obras importantes para aumentar a segurança das vias
são descumpridos pelas concessionárias, com a anuência do governo. Ao mesmo tempo, o pedágio nas estradas federais privatizadas sobe mais que a inflação.
É dever do governo fazer com
que as normas sejam cumpridas
nas rodovias federais -tanto por
administradores quanto por usuários. As graves consequências de
sua ineficácia, afinal, são contabilizadas em mortes.
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