São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011

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Estradas mortais

O balanço trágico de acidentes nas estradas federais neste Carnaval vem confirmar uma alarmante tendência de crescimento no número de mortes nas rodovias do país nos últimos anos.
Houve aumento de 48% no total de vítimas em 2011, em relação ao mesmo feriado de 2010. Foram 213 mortes em estradas administradas pela União, contra 143 no mesmo período do ano anterior.
De janeiro a dezembro de 2009, último ano com dados consolidados, 7.383 pessoas -20 por dia- perderam a vida nas rodovias federais. Um recorde nos últimos 12 anos. A tendência de alta se manteve no primeiro semestre de 2010, com 4.068 mortes só até junho.
O crescimento econômico é apontado como uma das causas para o aumento no número de acidentes graves. A consequente ampliação da frota e mais motoristas novatos em circulação multiplicam oportunidades para colisões.
A maior parte das mortes poderia ter sido evitada com melhor fiscalização das estradas, que coibisse o excesso de velocidade e a imprudência. O contrário aconteceu. Desde 2007, a fiscalização eletrônica das rodovias passou de precária a quase inexistente.
Naquele ano, chegou ao fim o contrato do governo federal com as empresas que operavam pouco mais de 300 das chamadas "lombadas eletrônicas" (radares fixos), em seguida desativadas. Dados oficiais indicam redução média de 69% nos acidentes nos trechos onde, por sete anos, funcionou o escasso número de equipamentos.
Para fiscalizar os quase 60 mil quilômetros de rodovias sob sua responsabilidade, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva lançou, com atraso, licitação para instalar 2.696 aparelhos em todo o país. Mas disputas na Justiça adiaram a definição das empresas até o final de 2010. O governo promete iniciar a instalação dos radares nas próximas semanas e concluí-la em dois anos.
A falta de investimentos na manutenção das estradas também contribui para aumentar a insegurança. O problema atinge até mesmo a parcela da malha federal concedida à iniciativa privada.
Prazos de obras importantes para aumentar a segurança das vias são descumpridos pelas concessionárias, com a anuência do governo. Ao mesmo tempo, o pedágio nas estradas federais privatizadas sobe mais que a inflação.
É dever do governo fazer com que as normas sejam cumpridas nas rodovias federais -tanto por administradores quanto por usuários. As graves consequências de sua ineficácia, afinal, são contabilizadas em mortes.


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