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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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INSUFICIÊNCIA DE OFERTA

A onda de bom humor suscitada pela queda do dólar foi perturbada, nesta semana, pela divulgação de índices de inflação decepcionantes. Tendo subido 1,23% em março, o IPCA -índice que baliza as metas de inflação do Banco Central (BC)- já acumulou alta de 5,1% no ano. Está cada vez mais difícil cumprir a meta de limitar a elevação do IPCA até o final do ano a 8,5%. Com isso, reduziu-se muito a probabilidade de que o BC reduza a taxa de juros básica ainda em abril.
Os itens que mais têm pressionado os índices de preços são dois: os alimentos e diversos bens intermediários. Em ambos os casos, contribuem para a alta dos preços problemas de oferta, muito mais do que pressões de derivadas de um excesso de demanda interna.
No caso dos alimentos, têm pesado as condições climáticas adversas. Trata-se, por isso, do foco menos preocupante, pois a oferta pode se regularizar rapidamente. Quando o clima melhorar, muitos preços poderão "devolver" altas recentes.
No caso dos bens intermediários, as dificuldades são bem mais sérias. Diversos ramos (em setores como siderurgia, papel e celulose, borracha, madeira) estão produzindo no limite de sua capacidade. E estes ramos destinam grande parte de sua produção ao exterior. Com a disparada do dólar em 2002, as vendas externas se tornaram mais rentáveis e a ameaça da concorrência de bens importados ficou muito reduzida. Estes ramos reforçaram sua capacidade de elevar seus preços no mercado interno.
O problema não comporta soluções rápidas e fáceis. Se forem tomadas medidas para coibir essas altas de preços -por exemplo, por meio de aumento da tributação sobre as vendas externas desses ramos- haverá, como contrapartida ao alívio da pressão inflacionária, uma redução do saldo da balança comercial.
Os gargalos de oferta que estão na raiz desta dificuldade não são novos. Decorrem da prolongada estagnação dos investimentos na economia brasileira -semeada por duas décadas de instabilidade, juros altos e crédito restrito. O remédio é estimular os investimentos.


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