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INSUFICIÊNCIA DE OFERTA
A onda de bom humor suscitada pela queda do dólar foi perturbada, nesta semana, pela divulgação de índices de inflação decepcionantes. Tendo subido 1,23% em
março, o IPCA -índice que baliza as
metas de inflação do Banco Central
(BC)- já acumulou alta de 5,1% no
ano. Está cada vez mais difícil cumprir a meta de limitar a elevação do
IPCA até o final do ano a 8,5%. Com
isso, reduziu-se muito a probabilidade de que o BC reduza a taxa de juros
básica ainda em abril.
Os itens que mais têm pressionado
os índices de preços são dois: os alimentos e diversos bens intermediários. Em ambos os casos, contribuem para a alta dos preços problemas de oferta, muito mais do que
pressões de derivadas de um excesso
de demanda interna.
No caso dos alimentos, têm pesado as condições climáticas adversas.
Trata-se, por isso, do foco menos
preocupante, pois a oferta pode se
regularizar rapidamente. Quando o
clima melhorar, muitos preços poderão "devolver" altas recentes.
No caso dos bens intermediários,
as dificuldades são bem mais sérias.
Diversos ramos (em setores como siderurgia, papel e celulose, borracha,
madeira) estão produzindo no limite
de sua capacidade. E estes ramos
destinam grande parte de sua produção ao exterior. Com a disparada do
dólar em 2002, as vendas externas se
tornaram mais rentáveis e a ameaça
da concorrência de bens importados
ficou muito reduzida. Estes ramos
reforçaram sua capacidade de elevar
seus preços no mercado interno.
O problema não comporta soluções rápidas e fáceis. Se forem tomadas medidas para coibir essas altas
de preços -por exemplo, por meio
de aumento da tributação sobre as
vendas externas desses ramos- haverá, como contrapartida ao alívio da
pressão inflacionária, uma redução
do saldo da balança comercial.
Os gargalos de oferta que estão na
raiz desta dificuldade não são novos.
Decorrem da prolongada estagnação
dos investimentos na economia brasileira -semeada por duas décadas
de instabilidade, juros altos e crédito
restrito. O remédio é estimular os investimentos.
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