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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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PARADOXO GUERREIRO

A vitória militar dos Estados Unidos sobre Saddam Hussein foi tão contundente que evidenciou, senão um paradoxo, pelo menos uma incongruência no discurso do presidente George W. Bush. A resistência organizada das Forças Armadas do Iraque foi tão débil que acabou por provar que Bagdá não representava uma ameaça para o mundo, ao contrário do que o presidente norte-americano quis fazer crer.
É duvidoso mesmo que o Iraque representasse um perigo real para vizinhos como o Kuait, a Arábia Saudita, o Irã e Israel. As fotografias de soldados sem botas ou com o capacete furado (e isso numa unidade "de elite") contrastam fortemente com a idéia, que está na base do conflito, de que a continuidade de Saddam Hussein no poder constituía uma ameaça aos próprios EUA.
As armas de destruição em massa, cuja existência teria motivado o conflito, não foram utilizadas na guerra nem encontradas em depósitos secretos, até o momento. Isso não significa que não existam, mas indica ao menos que a capacidade -operacional ou política- do regime de Saddam Hussein de empregá-las era relativamente limitada.
Essas considerações não servem para encobrir a boa nova que representa o fim da sanguinária ditadura de Saddam Hussein, mas apenas para desmistificar o discurso oficial norte-americano. A guerra jamais teve como fim precípuo livrar o mundo de uma ameaça real ou libertar o povo iraquiano de uma tirania especialmente cruel. Este último até pode ser entendido como um efeito colateral positivo do conflito.
O fato, cada dia mais evidente, é que George W. Bush invadiu o Iraque principalmente para mostrar ao mundo que são os EUA que mandam e, secundariamente, para favorecer empresas americanas, em especial dos ramos do petróleo e da construção civil, com lucrativos contratos de "reconstrução".


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