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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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MARCELO BERABA

Lengalenga

RIO DE JANEIRO - O problema do narcotráfico no Rio chegou, por "n" razões, a um ponto em que seu combate foi ficando cada vez mais difícil e complexo, consequência de uma sucessão de erros que têm origem lá atrás, onde a vista já mal alcança. O que significa dizer que a sua solução já não é mais tarefa para uma única pessoa ou para um único governo.
Isso posto, os atuais responsáveis pela segurança poderiam deixar de lado as bazófias e os malabarismos retóricos que repetem sempre que a cidade é assaltada pelo terror.
Um exemplo. Desde o início da década de 80, toda vez que os bandos saem pela cidade horrorizando, como ocorreu mais uma vez nas últimas madrugadas, as autoridades dizem que é uma "reação desesperada" à "linha dura" da polícia.
Outro lugar-comum é anunciar cada prisão de traficante como um feito notável e tentar vender a idéia de que se prendeu um peixão. As prisões do tal de Sombra e do Gringo, na Rocinha, dias atrás, não alteraram em nada a ação do narcotráfico. Nem no dia das prisões as drogas deixaram de ser vendidas nos mesmos pontos de sempre da favela. Aliás, sem oscilação de preço. E as ações de violência nas ruas continuaram iguais.
O governo atual criou outra ladainha que não condiz com os fatos: os estragos provocados pela bandidagem, dizem, poderiam ter sido muito piores não fosse a "ação rápida" e "enérgica" da polícia. Diante da constatação óbvia de que os estragos são sempre imensos, vem a ressalva indulgente: "É impossível a polícia estar em todos os lugares ao mesmo tempo".
Será que o governo e seus assessores não percebem que a população já não acredita nesses discursos? Já está provado que não vamos vencer essa guerra com demagogia ou marketing político.


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