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MARCELO BERABA
Lengalenga
RIO DE JANEIRO - O problema do narcotráfico no Rio chegou, por "n"
razões, a um ponto em que seu combate foi ficando cada vez mais difícil
e complexo, consequência de uma sucessão de erros que têm origem lá
atrás, onde a vista já mal alcança. O
que significa dizer que a sua solução
já não é mais tarefa para uma única
pessoa ou para um único governo.
Isso posto, os atuais responsáveis
pela segurança poderiam deixar de
lado as bazófias e os malabarismos
retóricos que repetem sempre que a
cidade é assaltada pelo terror.
Um exemplo. Desde o início da década de 80, toda vez que os bandos
saem pela cidade horrorizando, como ocorreu mais uma vez nas últimas madrugadas, as autoridades dizem que é uma "reação desesperada"
à "linha dura" da polícia.
Outro lugar-comum é anunciar cada prisão de traficante como um feito
notável e tentar vender a idéia de que
se prendeu um peixão. As prisões do
tal de Sombra e do Gringo, na Rocinha, dias atrás, não alteraram em
nada a ação do narcotráfico. Nem no
dia das prisões as drogas deixaram
de ser vendidas nos mesmos pontos
de sempre da favela. Aliás, sem oscilação de preço. E as ações de violência nas ruas continuaram iguais.
O governo atual criou outra ladainha que não condiz com os fatos: os
estragos provocados pela bandidagem, dizem, poderiam ter sido muito
piores não fosse a "ação rápida" e
"enérgica" da polícia. Diante da
constatação óbvia de que os estragos
são sempre imensos, vem a ressalva
indulgente: "É impossível a polícia estar em todos os lugares ao mesmo
tempo".
Será que o governo e seus assessores
não percebem que a população já
não acredita nesses discursos? Já está
provado que não vamos vencer essa
guerra com demagogia ou marketing
político.
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