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Diadema, 25 anos
JOSÉ DE FILIPPI JÚNIOR e MÁRIO REALI
Nesses 25 anos após a primeira posse do PT, o município passou por uma intensa transformação econômica e social
NÃO É exagero afirmar que, no
início da década de 1980, Diadema era sinônimo de exclusão social. A infra-estrutura urbana
era praticamente inexistente. Havia
um grande problema habitacional e
fundiário, resultante do abandono
pelo poder público das áreas periféricas que, na época, já abrigavam boa
parte da população.
A cidade era o retrato de um modelo econômico imposto pelo regime
militar, em que os resultados do "milagre econômico" foram para uma ínfima parcela da sociedade e a perspectiva de trabalho concentrou-se nos
grandes centros urbanos, que se expandiram desordenadamente.
Os trabalhadores e suas famílias,
além de sofrer a exploração econômica, não tinham acesso a serviços públicos, como saúde, educação, habitação, transporte, segurança.
Porém, no interior dessa sociedade,
foi gestada uma reação combinada
entre a luta no chão da fábrica e as reivindicações dos movimentos sociais
que estavam se organizando nos locais de moradia. Grosso modo, é dessa
junção que nasce o Partido dos Trabalhadores (1980), que, em 1982, conquista suas duas primeiras prefeituras: Santa Quitéria, no Maranhão, cujo prefeito saiu da legenda antes do
primeiro ano do mandato, e Diadema,
onde o PT, de seis eleições disputadas, saiu vitorioso em cinco.
Nesses 25 anos após a primeira posse, o município passou por uma intensa transformação econômica e social. Foi um laboratório de experiências administrativas que definiu o
modo petista de governar.
O enfrentamento dos problemas
sociais foi e continua sendo por meio
da parceria entre o poder público e a
população. A participação popular é,
sem dúvida, a espinha dorsal das sucessivas administrações petistas.
Na habitação, o município inovou
na implementação da infra-estrutura,
permitindo que as pessoas permanecessem em seus locais de moradia; e
na legislação fundiária, com a criação
do instrumento de concessão de direito real de uso e, posteriormente,
com as áreas de interesse social para a
população de baixa renda.
Dos 207 núcleos (favelas) até então
existentes, 161 estão urbanizados, 32
estão recebendo melhorias e 14 estão
em processo de urbanização. E, atualmente, 99% das vias do município estão pavimentadas
Os índices de mortalidade infantil
caíram de 82,93 por mil nascidos para
12,3 por mil em 2007. A rede de saúde
pública foi a que mais recebeu investimentos nesses 25 anos: em 1983, as
despesas eram da ordem de R$ 8,2
milhões (atualizados); em 2007, subiram para R$ 160 milhões.
A marca mais recente da administração petista é a sua atuação no combate à violência urbana. No final da
década de 1990, a cidade era considerada a mais violenta do Brasil. O quadro, além de afugentar novos investimentos econômicos, representava o
caminho da completa desestruturação do tecido social urbano.
A reação começou no início de
2001, com uma série de iniciativas
que envolveram a participação direta
da sociedade na elaboração dos planos municipais de segurança pública,
nas ações integradas das políticas públicas e nas operações conjuntas entre a guarda municipal e as polícias civil e militar. Disso resultaram programas de grande impacto, como o fechamento de bares às 23h e o projeto
Adolescente Aprendiz, que busca a inserção social dos jovens na sua comunidade e no mercado de trabalho.
O combate à violência demonstrou
para todos a necessidade de valorizar
o trabalho a longo prazo, com planejamento e inteligência operacional.
Além de persistência e vontade coletiva para mudar determinada realidade. Sem esses fatores não seria possível alcançar os números atuais. A queda de homicídios em números absolutos foi de 374 (1999) para 80 (2007),
uma redução de 78%.
As transformações urbanas e sociais do município, aliadas ao bom
momento da economia no país, estão
atraindo mais investimentos. Segundo dados de 2007 do Ministério do
Trabalho, no saldo de geração de empregos, Diadema ficou em terceiro lugar no grande ABCD e em 16º entre os
municípios do Estado de São Paulo.
Em todo esse processo, ocorreu o
amadurecimento político dos militantes partidários e da própria população em geral.
De um lado, houve a compreensão
de que não se governa para si, muito
menos para poucos; de outro, a necessidade de participar para definir os
rumos da cidade e, em último caso, da
melhoria da vida de cada um.
JOSÉ DE FILIPPI JÚNIOR, 50, engenheiro civil, é prefeito
de Diadema (PT) e morador da cidade.
MÁRIO REALI, 50, arquiteto e urbanista, mestre pela
USP, é deputado estadual (PT-SP) e morador de Diadema.
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